15 de dez de 2023 às 09:06
Apontando para a gruta de Nossa Senhora de Lourdes, no cemitério do Mosteiro de São Bento, em St. Joseph, Minnesota, EUA, Patrick Norton, de 61 anos, lembra-se do dia, há 13 anos, em que estava pintando postes de luz em frente a uma escultura da Santíssima Mãe e teve um encontro com quem ele diz que era a irmã Annella Zervas, OSB.
Zervas, uma freira beneditina, morreu em 1926, aos 26 anos, de uma doença de pele debilitante.
Norton, que foi resgatado das ruas de Bombaim ainda criança por santa madre Teresa de Calcutá e posteriormente adotado por uma família americana, foi contratado pelo Colégio de São Bento em 27 de outubro de 2010, para fazer algumas pinturas. Ele disse à CNA, da EWTN News, grupo de comunicação católico ao qual pertence a ACI Digital, que, ao terminar de pintar o último poste de luz em frente à gruta, pensou consigo mesmo: “Será que a Mãe Santíssima pensará que estou fazendo um bom trabalho?” Quando ele olhou para baixo, havia uma freira com hábito beneditino completo.
“'Você está fazendo um bom trabalho', ela me disse. Conversamos um pouco, mas não me lembro do quê. Depois, vi como desapareceu”, disse ele à CNA.
O encontro foi tão surpreendente que Norton o guardou para si durante um ano. Mas numa conversa casual, disseram-lhe “há uma freira santa enterrada naquele cemitério” e ele descobriu que era Zervas. Com o tempo, ele viu uma foto dela e teve certeza de que era a pessoa que havia aparecido para ele.
Uma freira idosa do Mosteiro de São Bento, que também se chamava irmã Annella, mostrou a Norton fotografias da irmã Zervas e um panfleto sobre sua vida chamado “Apóstolos do Sofrimento em Nossos Dias”, do padre beneditino Joseph Kreuter, publicado em 1929.
“Por que ela ainda não é santa?”, perguntou Norton.
“Ah, tenho mais de 80 anos e sou a única que promove a sua causa”, respondeu a freira.
“Irmã, por que não posso ajudá-la?” ele respondeu.
Norton conta que ela apenas olhou para ele. “Eu não tinha experiência, mas senti compaixão por ela e também vi a irmã Annella, então senti que deveria promover a causa dela.”
Ele leu no panfleto que Zervas entrou no convento aos 15 anos e morreu aos 26 de uma doença de pele dolorosa e desagradável. Ela também foi alvo de ataques do diabo e de uma acidez estomacal que dificultavam sua alimentação. No momento de sua morte, ela pesava apenas cerca de 18 quilos. Mesmo assim, pediu a Deus que lhe permitisse sofrer ainda mais e lhe desse forças para suportá-lo e oferecê-lo à Igreja.
A cada semana, Norton fazia 10 cópias do panfleto para distribuir. “Eu ia ao túmulo da irmã Annella e lhe dizia: 'Se vou fazer mais livros, preciso de dinheiro'".
Pouco depois, ele conversou com alguém que acabara de conhecer e lhe contou sobre Zervas. “Como posso ajudar?”, perguntou a pessoa.
“Você pode me ajudar a fazer 20 livros por semana, em vez de apenas 10?”, perguntou ele.
“Que tal 20 mil?”, respondeu o doador, que quis permanecer anônimo.
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O número de livros que Norton distribuiu até agora é de aproximadamente 100 mil. Também foi publicado anteriormente em francês e cingalês.
Outro bom samaritano providenciou uma entrevista para Norton em um vídeo chamado “The Sanctity of Two Hearts” (A Santidade de Dois Corações).
Um amigo de Norton encontrou Joanne Zervas, sobrinha da irmã Annella, e Norton se reuniu com ela. A mulher deu-lhe muitos dos itens pessoais de sua tia para que os guardasse, incluindo cartas familiares, uma colher de prata usada para dar a Comunhão a Zervas quando ela estava incapacitada, seu rosário, um livro manchado com o que se acredita ser seu sangue e velas que queimavam em seu quarto quando ela morreu.
A notícia sobre a irmã se espalhou e houve relatos de orações sendo respondidas por sua intercessão. No entanto, parecia improvável que fosse aberta uma causa para a sua canonização.
Norton disse que o bispo de St. Cloud, dom Donald Joseph Kettler, o encorajou a continuar contando sua história, mas se recusou a tomar medidas adicionais para respeitar os desejos das irmãs beneditinas que não estavam interessadas em abrir uma causa para Zervas.
Num artigo do SC Times em 2017, um porta-voz das irmãs da Ordem de São Bento em St. Joseph, Minnesota, disse que não era a conduta beneditina promover uma irmã em detrimento de outra, pois seria “contrário à humildade". Um porta-voz da diocese disse que sem o seu apoio não haveria causa.
Mas Norton e um pequeno grupo formado para orar por sua causa se reuniam mensalmente no cemitério e continuavam rezando.
Depois de anos de desilusão, o arcebispo de St. Paul e Minneapolis, dom Bernard Hebda, informou a Norton que estava apelando para a diocese errada. Zervas morreu na casa de seus pais em Moorhead, Minnesota, que fica na diocese de Crookston. Mas, novamente, não houve interesse em abrir uma causa lá;
“Eu passei pela escuridão”, disse Norton. “Eu dizia: 'Sério, Senhor, você está me ouvindo?' Um dia eu disse: ‘Não sou mais jovem, você sabe’”.
Norton questionou se ele era a pessoa certa para promover Zervas. “Não sou médico nem advogado; sou só um pintor”, disse ele. Mas ele disse ao Senhor: "Deixe-me viver todos os dias para você, e eu contarei às pessoas sobre isso por meio do meu nada".
Depois, em 2021, dom Andrew Cozzens foi nomeado para a diocese de Crookston. Norton ouviu dizer que dom Cozzens conhecia a vida de Zervas desde criança. Então, no dia 15 de outubro, Norton ouviu, por meio de uma carta do bispo que foi lida no cemitério ao grupo de oração, que a diocese estava dando os primeiros passos para iniciar uma investigação sobre a vida da freira.
Norton promove a história de Zervas há mais de uma década.
“Não consegui dormir naquela noite. Fiquei impressionado. A primeira coisa que fiz foi agradecer a Nosso Senhor e Nossa Senhora. Antes de ir para a cama, todas as noites, beijo sempre o rosto da imagem de Nossa Senhora de Fátima [em sua casa] e digo: 'Boa noite, Mãe'. E beijo os pés de Nosso Senhor num grande crucifixo de mosteiro na Espanha e digo: 'Tu és o meu Senhor e o meu Deus.' Não existe outro Deus e eu te amo'”, disse ele.
“Mesmo antes da irmã Annella aparecer para mim, todo Dia das Mães eu levava rosas para a gruta e dizia para [Maria]: 'Você é a melhor mãe do mundo. Feliz Dia das Mães, mamãe'. Eu sentava ali, olhava para o grande crucifixo e rezava o terço”, acrescentou.
Norton diz que está em paz com os seus esforços ao longo dos anos para divulgar a vida e a santidade de Zervas. “Já que a diocese assumirá o controle, simplesmente permanecerei em silêncio e farei o meu melhor para viver com humildade e orar. “Vou orar muito e agradecer ao Senhor pelo trabalho que ele está fazendo”.