O bispo de Orihuela-Alicante, dom José Ignacio Munilla, divulgou através de suas redes sociais um comentário sobre as implicações da caridade pastoral na bênção de pessoas com situações afetivas irregulares.

Munilla fez a sua publicação poucas horas depois de o Dicastério para a Doutrina da Fé ter divulgado a declaração Fiducia suplicans, sobre o significado pastoral das bênçãos.

Dom Munilla disse que “a caridade pastoral é um chamado para que todos os pecadores possamos ser abençoados, mas não para abençoar o nosso pecado” e, neste sentido, disse que “este foi o comportamento de Jesus de Nazaré, que 'disse-bem' da mulher pecadora que queriam apedrejar, mas nem por isso abençoou as suas relações ("Nem eu te condeno. Vai e não tornes a pecar" Jo 8, 11).

O bispo espanhol disse ainda: “o Evangelho convida-nos a abençoar todos os que se abrem ao dom de Deus, incluindo aqueles que vivem em situações afetivas irregulares; embora não nos conceda nenhum poder para abençoar suas uniões contrárias aos desígnios de Deus.”

Concluindo a sua mensagem, Munilla citou uma reflexão feita em outubro passado, publicada no seu canal no YouTube, e dirigida aos católicos que pediram ajuda e companhia à Igreja “por experimentar tendências homossexuais” para “viver a virtude da castidade”.

 

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Naquela ocasião, dom Munilla referiu-se ao fato de o Dicastério para a Doutrina da Fé ter feito “dois pronunciamentos difíceis de conjugar” sobre a bênção das uniões homossexuais. O primeiro, sob a autoridade do cardeal Luis Francisco Ladaria, foi publicado em 2021. O outro, este ano, já com o cardeal Victor Manuel Fernández como novo prefeito, em resposta às dubia de cinco cardeais.

O fato de ambas terem recebido “a bênção do papa Francisco”, mas terem argumentos diferentes, gerou “uma certa polêmica”, disse.

Para dom Munilla, o texto publicado pelo cardeal Ladaria afirma claramente que “a Igreja não tem, nem pode ter, o poder de abençoar as uniões de pessoas do mesmo sexo”.

A resposta às dubia, por sua vez, resultou em “uma pequena bagunça” porque é suscetível de “muitas interpretações”.

Depois de analisar as suas diferenças, Munilla disse que “o que é claro não pode ser entendido a partir do que é confuso. Em vez disso, o que é confuso tem que ser o que é iluminado a partir do que é claro”.

Para dom Munilla é importante “ater-nos ao que está claro e pedir ao Senhor que esclareça o que não está claro”, porque “a Igreja também sofre com esta crise de relativismo em que a nossa cultura está atolada”.