18 de jan de 2024 às 15:12
Mar Galcerán é a primeira parlamentar regional da Espanha com síndrome de Down. Nasceu em 1977, Gaalcerám tomou posse em setembro passado. Agora, foi convidada pelo presidente do Partido Popular (PP), Alberto Núñez Feijóo, para participar de uma mudança constitucional na Espanha referente à deficiência.
Galcerán era a 20ª candidata do partido liberal para a província de Valência nas eleições regionais realizadas em maio de 2023 na comunidade valenciana.
O Partido Popular conseguiu 15 representantes nesse distrito eleitoral, mas renúncias de seus antecessores na lista fizeram com que ela assumisse uma cadeira no parlamento regional em setembro.
Filiada ao partido liberal há mais de 20 anos, Galcerán trabalhou como funcionária pública no executivo regional de Valência. Depois de concluir sua educação básica, estudou para ser assistente técnica doméstica e assistente técnica de jardim de infância.
Antes de se tornar membro do parlamento, já havia sido a primeira pessoa com síndrome de Down a presidir uma associação civil quando, em 2022, foi membro do Comitê Executivo do Partido Popular Valenciano como chefe da Área de Atenção a Pessoas com Diferentes Habilidades.
Mar Galcerán no Parlamento Nacional
Na terça-feira, 16 de janeiro, Mar Galcerán, acompanhou o presidente do PP durante a tramitação da emenda do artigo 49 da Constituição espanhola.
A conta oficial do líder liberal Núñez Feijóo publicou uma foto com Galcerán, expressando seu apoio à emenda constitucional: "Celebramos a reforma do artigo 49 da Constituição com Mar Galcerán, a primeira deputada espanhola com síndrome de Down".
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Esta mensagem do presidente do Partido Popular foi contestada por alguns cidadãos que salientaram a posição do partido centrista a favor do aborto, que afeta uma porcentagem muito alta de pessoas com síndrome de Down. A maioria das pessoas diagnosticadas na fase pré-natal são abortadas na Espanha como em outros países da Europa. A Islândia diz ter erradicado a síndrome no país graças ao aborto. No Reino Unido há um limite de 16 semanas para o aborto, a não ser que a criança tenha síndrome de Down, caso em que se pode fazer o aborto até a véspera do nascimento.
"Você explicou a Mar por que defende a ideia de que pessoas como ela podem ser assassinadas no útero durante algumas semanas a mais do que pessoas como Cuca ou você?”, perguntou um cidadão via X.
Em uma entrevista realizada em novembro do ano passado ao Ecclesia, portal de notícias da Conferência Episcopal Espanhola (CEE), perguntaram a Galcerán sobre sua posição em relação ao aborto, e ela respondeu:
"Sei que o aborto é uma questão difícil. Minha opinião é que se trata de assassinato. Não posso concordar que alguém deva ir contra seu próprio corpo quando há outra vida nascendo nele, não importa como ela venha. Sou a favor da vida: é preciso haver mais políticas para ajudar as mulheres grávidas, para aumentar a taxa de natalidade".
Controvérsia sobre a reforma constitucional
A reforma constitucional também não está isenta de controvérsias. Sua principal intenção foi modificar a linguagem para eliminar o termo "deficiente" em favor de "incapacitado", em resposta a uma reivindicação dessas pessoas.
Em sua redação de origem, o texto constitucional diz: "Os poderes públicos levarão a cabo uma política de previsão, tratamento, reabilitação e integração dos deficientes físicos, sensoriais e mentais, aos quais proporcionarão a atenção especializada que requeiram e os protegerão especialmente para que desfrutem dos direitos que este Título outorga a todos os cidadãos".
No entanto, além desta alteração semântica, a modificação que entra em vigor hoje (18), implica no acréscimo de que "as necessidades específicas de mulheres e meninas com deficiência deverão ser particularmente atendidas", o que tem sido criticado por introduzir discriminação de gênero na Carta Magna.