O patriarca latino de Jerusalém, cardeal Pierbattista Pizzaballa, conversou com o papa Francisco sobre como interromper o conflito armado na Terra Santa, "que é cada vez mais preocupante", informou Vatican News, serviço de informações da Santa Sé

"[Com o papa], nos atualizamos sobre a situação humanitária da comunidade cristã em Gaza, mas, de modo mais geral, na Terra Santa, e sobre as possíveis perspectivas, para ver se existem possíveis canais de diálogo, para ver, pelo menos, como parar essa deriva", disse o cardeal Pizzaballa.

Israel e o grupo armado radical islâmico Hamas, que controla a Faixa de Gaza, travam combate desde os ataques terroristas perpetrados pelo Hamas no início de outubro. O Hamas é financiado pelo Irã e o conflito ameaça envolver outras milícias islâmicas patrocinadas pelo governo iraniano e o próprio Irã.

O encontro de Pizzaballa com o papa aconteceu no contexto da audiência do papa com os membros do Studium Biblicum Franciscanum, na segunda-feira (15).

Depois dos compromissos do patriarca em Roma, Pizzaballa retornou à Jordânia, país que, segundo ele, será fundamental para alcançar a paz na Terra Santa. Jordânia e Egito são os únicos dos 22 países árabes que reconhecem Israel e mantêm relações diplomáticas com o país.  

"A situação da Jordânia é complexa, mas devo dizer que é o único país que é estável do ponto de vista político e humanitário para a população palestina, especialmente para Gaza", disse.

O cardeal Pizzaballa disse que, quando a Igreja precisa enviar ajuda humanitária para a Faixa de Gaza, usa o endereço da Casa Real da Jordânia. O Hamas domina a Faixa de Gaza e não reconhece a existência de Israel. Assim, não mantém contato com nenhuma instituição em Jerusalém, considerada pelo Hamas território ocupado.

O cardeal também disse que está em conversa com o rei Abdullah, o governo jordaniano e várias instituições “para ver se podemos manter vivos os canais de comunicação com Gaza e também com a pequena autoridade que restou lá”.

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Para o cardeal Pizzaballa, é preciso “insistir” para superar o sentimento de desconfiança que reina entre as autoridades dos países da região. "A diplomacia, a política são a única possibilidade que temos para não deixar espaço apenas para as armas", acrescentou.

Em Gaza, há apenas uma paróquia, a Igreja da Sagrada Família, onde refugiados cristãos morreram nos combates. A estrutura da paróquia também foi danificada.

Sobre a situação atual da comunidade cristã, o patriarca disse que os cristãos "vivem a mesma situação que todos os outros" e que "não são um povo à parte", embora reconheça que na região "pesa muito ser uma pequena minoria".

"O que está acontecendo com os cristãos é um pouco como um teste decisivo das dificuldades que toda a população está experimentando, até mesmo das lacerações dentro da própria população", disse

“Não é fácil, também para os cristãos, estar em uma situação de grandes divisões onde cada um é chamado a ser um pouco ‘alistado’ em uma versão ou outra”, acrescentou o patriarca.

Por fim, o cardeal Pizzaballa disse que a Igreja, assim como muitas outras instituições, pode “se engajar" a encontrar formas de diálogo e paz na Terra Santa e no diálogo entre Israel e o Hamas. O patriarca disse que é preciso “encontrar uma maneira de concluir, ou pelo menos mudar a direção dos acontecimentos”.

"Temos que trabalhar para isso de uma forma que não seja muito pública, porque senão as coisas não funcionam. Sei que há diálogos em andamento justamente para tentar ver como parar essa situação", concluiu.