22 de jan de 2024 às 15:55
Graças a uma rádio, o padre alemão Hans-Joachim Lohre, que foi mantido refém no Mali por um ano, se sentiu "parte da Igreja Universal" durante seu cativeiro, disse a Vatican News, serviço de informação da Santa Sé.
O padre Lohre foi sequestrado por jihadistas ligados ao grupo terrorista Al-Qaeda em 20 de novembro de 2022. Ele viveu por mais de 30 anos no país africano, onde deu aulas no Instituto de Treinamento Islâmico-Cristão (IFIC) e foi responsável pelo Centro de Fé e Encontro Hamdallaye.
Membro da Sociedade dos Missionários da África (Padres Brancos), ele era carinhosamente conhecido no Mali como "Ha-Jo". Foi sequestrado por homens armados, enquanto se dirigia para celebrar a solenidade de Cristo Rei. Eles o levaram para um local desconhecido.
“Não tenha medo, somos os bons. Somo da Al-Qaeda. Não somos como o Estado Islâmico [ISIS], que mata pessoas assim. Não tem o que temer conosco”, foi o que disseram ao sacerdote quando chegou ao cativeiro.
Ali começou a via sacra do padre de 66 anos, que chegou a perguntar aos terroristas se o tinham sequestrado por causa de sua fé. “Não escolhemos você por ser padre ou porque se dedica ao diálogo inter-religioso, mas porque é alemão”, responderam-lhe.
Uma pequena rádio para se sentir parte de algo maior
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Tinha passado um mês de seu cativeiro quando o padre Lohre viu algo que poderia parecer insignificante para o homem do século XXI, mas que foi fundamental para ele durante aqueles longos dias.
Quando um dos guardas tinha terminado de escutar algo em uma rádio de onda curta, o padre alemão pediu o aprelho emprestado. Então, começou a mover o dial e, de repente, encontrou a frequência da Rádio Vaticano.
Já era 25 de dezembro e a emissora vaticana estava transmitindo a missa de Natal do papa Francisco da basílica de São Pedro. Isso foi um grande conforto para o padre Lohre. Ele contou que isso o ajudou a sentire cum Ecclesia, ou seja, a se sentir parte da Igreja Universal, apesar da situação difícil pela qual estava passando.
Durante seu sequestro, o padre Lohre foi impedido de celebrar a missa e receber os sacramentos. No entanto, encarou isso como uma oportunidade para "recarregar as baterias" e se aproximar de Deus. Ele contou que passou a maior parte de seu cativeiro em "profunda paz e consolo".
No meio de uma noite de novembro de 2023, ele olhou para o céu estrelado e falou com Deus: "Não é tarde demais para o seu milagre". Então, disse o padre alemão, viu uma estrela cadente passar e, naquele momento, sentiu-se convencido de que sobreviveria.
Alguns dias depois, seus sequestradores o informaram que ele partiria. Em 26 de novembro daquele ano, 371 dias após seu sequestro, e graças aos esforços do governo alemão, o padre Lohre pôde retornar em segurança ao seu país natal.