"Com o sacrifício do Andrea Santoro, a Igreja tornou a tingir-se de vermelho, a cor do sangue de seus mártires. Aconteceu sempre e voltará a acontecer mas não por isso a Igreja se deterá", declarou o Prefeito da Congregação para a Causa dos Santos, Cardeal José Saraiva Martins, depois do assassinato de dito sacerdote italiano neste domingo na Turquia.

Em uma entrevista concedida ao jornal La Repubblica, o Cardeal português disse que terá que tomar cuidado na hora de acusar o Islã. "antes de falar e dar uma opinião é preciso conhecer toda a verdade. É necessário explicar em que contexto se produziu a tragédia", disse o Cardeal, acrescentando que "seria um grave engano implicar a todo um credo religioso" pelo gesto de um só indivíduo.

Segundo uma testemunha presencial, o missionário de 60 anos de idade morreu nas mãos de um homem que gritou "Alá é grande" antes de disparar-lhe dois tiros.

Segundo o Cardeal Prefeito, "a Igreja não se sente ameaçada e é um engano falar de guerra de religiões porque cada fé está contra a guerra e contra o uso distorcido da imagem de Deus".

Ainda se desconhece o motivo

Além do Cardeal Saraiva, outras fontes indicaram que, ao menos no momento, seria um engano atribuir este atentado aos protestos do mundo muçulmano contra as caricaturas de Maomé reproduzidas pela imprensa européia.

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O Ministro de Exterior turco, Abdulá Gul, considerou hoje que o assassinato de ontem "não está vinculado" com os protestos pelas caricaturas de Maomé. "Acreditam que se trata inteiramente de um ato individual, mas desconhecemos as razões que levaram a isso", acrescentou.

Por outro lado, o Vigário apostólico para Anatolia, Dom. Luigi Padovese, declarou que o trabalho pastoral do missionário com as prostitutas da região poderia ter sido o motivo do assassinato. "Não entendemos por que ocorreu", declarou Padovese, destacando que não se descarta nenhuma hipótese.

Para o porta-voz da Conferência Episcopal Turca, o Pe. George Marovitch, o assassinato poderia ter sido o gesto isolado de um demente, a reação à publicação das charges sobre Maomé ou um assassinato encomendado pelo crime organizado.

Do mesmo modo, em declarações à agência Fides, o Pe. Marovitch explicou que os cristãos na Turquia vivem um momento de incerteza mas sem medo, devido às boas relações com as autoridades civis e os líderes muçulmanos no país,

Finalmente, o porta-voz declarou que não acredita que o homicídio do Pe. Santoro "possa ter conseqüências políticas" pois o Governo "tem a intenção de que a situação não degenere".