7 de fev de 2024 às 16:01
Michael Warsaw, presidente e CEO da EWTN, o maior canal católico do mundo, reflete sobre a inteligência artificial (IA) a partir de uma perspectiva católica e seguindo o magistério do papa Francisco e de são João Paulo II; e diz que “a IA não tem coração”.
Num artigo publicado no domingo (4) no National Catholic Register, Warsaw comenta que “a inteligência artificial, ou IA, tem sido notícia há anos, mas parece haver um consenso crescente nos últimos meses de que estamos cruzando um limiar importante em nosso relacionamento com a tecnologia”.
O presidente da EWTN destaca alguns pronunciamentos do papa Francisco sobre o assunto, especialmente “no serviço à paz, aos pobres e à defesa dos direitos humanos”.
No dia 1º de janeiro, na sua mensagem para o Dia Mundial da Paz, o papa alertou sobre os perigos da IA e incentivou a criação de um tratado internacional para regulamentá-la. No dia 24 de janeiro, na sua mensagem para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, voltou ao tema.
Refletindo sobre a razão pela qual o papa está preocupado com este tema, Warsaw recorda primeiro que “a Igreja não se opõe ao avanço tecnológico nem as suas palavras são uma reação exagerada e mal-informada ao progresso humano, mas sua perspectiva reflete que a Igreja tem ideias claras e distintas sobre o significado de ‘humano’ e ‘progresso’”.
Em segundo lugar, a Igreja “honra a humanidade como obra-prima de Deus”, criada à sua imagem e semelhança; com o qual “nenhuma máquina será capaz de igualar a criatividade humana genuína”.
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Depois de comentar que as ferramentas da IA geram conflitos éticos, também no setor noticioso, o presidente da EWTN diz que “há uma certa frieza em muitas das imagens de IA que tenho visto, mesmo as boas. Não é preciso muita inteligência artificial para saber que falta algo essencial”, disse. “É o coração humano”.
O mundo “não precisa da arte da IA, pelo menos não da mesma forma que anseia pela arte autêntica e excepcional, criada por verdadeiros artistas inspirados a buscar e expressar a verdade”, escreveu Warsaw.
O presidente da EWTN também cita algo que o papa são João Paulo II escreveu numa carta aos artistas em 1999: “De fato, a sociedade tem necessidade de artistas, da mesma forma que precisa de cientistas, técnicos, trabalhadores, especialistas, testemunhas da fé, professores, pais e mães", destacando também que "a arte de verdade tem estreita afinidade com a palavra fé".
Depois de recomendar aos católicos que não se afastem da IA, assim como não se afastam de outros avanços tecnológicos, como os celulares ou a Internet, o presidente da EWTN diz que o seu uso ou mau uso, “no final, depende de nós”.
“No entanto, no início da nova era da inteligência artificial, eu sugeriria redobrar a aposta pela não-artificial. Visite uma galeria de arte, assista à ópera ou ouça uma orquestra sinfônica. Leia obras de Shakespeare ou Tomás de Aquino. Compre algo bonito de um artesão local”, recomenda.
Para concluir, Michael Warsaw diz que só a verdadeira arte pode elevar a alma a Deus. Portanto, “como católicos, não podemos permitir que os nossos corações esfriem”.