20 de fev de 2024 às 11:37
O padre Michal Rapacz, morto na Polônia em 1946 por comunistas que estavam se instalando no poder no país, será beatificado no dia 15 de junho na arquidiocese de Cracóvia, onde exerceu o seu ministério.
O anúncio foi feito no sábado (17) no site da Conferência Episcopal Polonesa (CEP), que disse que a data foi escolhida pelo papa Francisco. Esse dia será a conclusão do Congresso Eucarístico na arquidiocese de Cracóvia.
A vida do padre Michal Rapacz
O futuro beato nasceu no dia 14 de setembro de 1904 em Tenczyn, Cracóvia, Polônia. Entrou para o seminário de Cracóvia e em 1º de fevereiro de 1931 foi ordenado sacerdote. O seu primeiro trabalho foi como vice-pároco na paróquia da Natividade da Virgem Maria, em Ploki, e dois anos depois foi enviado para Rajcza.
Em 1937, o padre Rapacz voltou a Ploki como administrador paroquial. No entanto, em setembro de 1939 estourou a Segunda Guerra Mundial e, com a ocupação nazista da Polônia, o padre foi obrigado a reduzir a sua atividade pastoral, pois os invasores proibiram o ensino da religião católica, os casamentos entre poloneses e alemães, bem como todas as celebrações e atividades das paróquias e instituições católicas.
Segundo a biografia publicada pelo Dicastério para as Causas dos Santos, depois da Segunda Guerra Mundial, o padre Rapacz teve que enfrentar a perseguição do regime comunista estabelecido na Polônia pela União Soviética, “que declarou abertamente guerra à religião e À Igreja".
Na nota da Conferência Episcopal Polonesa consta que o futuro beato foi avisado do perigo que corria e exortado a deixar Ploki. Em um de seus sermões ele disse: “Mesmo que eu caia morto, não deixarei de pregar este Evangelho e não renunciarei à minha própria cruz”.
Na madrugada de 12 de maio de 1946, uma milícia comunista de 20 homens invadiu a casa paroquial, a sentença de morte foi lida ao padre e depois ele foi levado para fora. O padre Rapacz foi arrastado com uma corda ao redor da igreja e brutalmente espancado. Mais tarde, ele foi levado para uma floresta distante, onde foi baleado.
“Ele ficou na memória dos seus paroquianos como um sacerdote que ia todas as noites à igreja para rezar longamente diante do Santíssimo Sacramento pela salvação das pessoas que lhe foram confiadas”, disse o arcebispo de Cracóvia, dom Marek Jedraszewski na sua carta quaresmal citada pela conferência episcopal.
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O padre Michal Rapacz foi morto por ódio ao cristianismo
O Dicastério para as Causas dos Santos informa que o corpo do padre Michal Rapacz foi encontrado na manhã de 12 de maio por alguns camponeses. “Os autores materiais do crime nunca foram identificados. As investigações, na verdade, foram conduzidas com métodos típicos do regime comunista, destinados a ocultar a realidade dos acontecimentos e, sobretudo, o motivo”.
Segundo o dicastério da Santa Sé, “a hipótese do assassinato amadureceu no contexto do ódio contra o cristianismo”. “Seu assassinato apresenta as características típicas dos crimes perpetrados pelos comunistas”.
“O seu assassinato não foi um acontecimento isolado, mas fez parte da atividade do governo destinada a 'libertar' a Polônia da influência da Igreja e dos seus representantes mais importantes” , diz o site do dicastério. “Durante esse período, na Polônia, outros sacerdotes foram assassinados da mesma forma”.
O futuro beato “estava consciente do risco que corria e estava disposto a enfrentá-lo com serenidade, disposto a dar a vida para permanecer fiel a Cristo e à Igreja”.
O padre Rapacz “foi considerado por muitos um mártir” desde a descoberta do seu corpo. “A sua fama de martírio manteve-se ao longo do tempo, embora de forma oculta durante o regime comunista, e sobreviveu até hoje”, conclui a biografia.