22 de fev de 2024 às 16:12
A mão esquerda incorrupta de santa Teresa de Ávila, uma de suas relíquias mais conhecidas, tem destino incerto por causa da falta de vocações no convento carmelita de Ronda, em Málaga, Espanha, onde se encontra.
Há quatro anos, havia nove freiras Convento do Coração Eucarístico de Jesus. Desde então cinco delas morreram. Das quatro irmãs que restaram na comunidade, uma tem a doença de Alzheimer. O papa Francisco determinou na Constituição Apostólica Vultum Dei quaerere, de 29 de junho de 2016, que o número mínimo em um convento é de seis irmãs.
A Santa Sé ainda não estipulou um prazo para o fechamento do convento, segundo Ecclesia, portal de informação da Conferência Episcopal Espanhola, mas para evitar isso a comunidade necessita da incorporação imediata de duas professas solenes, já que o período de formação para novas irmãs é de 12 anos.
Centenário da comunidade carmelita de Ronda
A situação de emergência ocorre no centenário da fundação da comunidade em 1924 e a celebração de um ano jubilar que começou no passado dia 21 de janeiro e se estende até novembro próximo.
A mão incorrupta de santa Teresa
Santa Teresa de Jesus, doutora da Igreja, morreu em 1582 e foi sepultada em Alba de Tormes, em Salamanca. Nove meses depois do seu enterro, ela foi exumada porque se pensou que o caixão havia quebrado e encontraram o corpo incorrupto, como se ela tivesse morrido recentemente.
Antes de enterrá-la novamente, o padre provincial Jerónimo Gracián decidiu cortar a mão esquerda da santa. Com o passar do tempo, a relíquia de primeiro grau foi levada para uma nova fundação em Portugal.
Em 1910, o Governo Português decretou a expulsão das ordens religiosas do país. As carmelitas de Portugal chegam a Badajoz, com a relíquia, que levaram para Ávila. As irmãs portuguesas se espalharam por toda a Espanha.
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Quando a fundação de Ronda foi promovida, reconstituíram a sua comunidade e reivindicaram a relíquia.
Com a perseguição religiosa que começou alguns anos depois, que se intensificou durante a Guerra Civil, os milicianos republicanos perseguiram a comunidade carmelita para que lhes entregasse a mão incorrupta de santa Teresa, reformadora da Ordem do Carmelo. As irmãs, então, entregaram a mão no início do confronto fratricida, no verão de 1936.
Meses depois, as tropas nacionais encontraram a relíquia e transferiram-na para Burgos, onde ficava o Quartel-Geral do General Francisco Franco. A partir de então, até sua morte em 1975, ele a manteve consigo. Dizem que ficava na mesa de cabeceira, ao lado da cama.
No dia 21 de janeiro de 1976, a relíquia voltou ao convento de Ronda, depois de quatro décadas. Quase meio século depois, o destino da mão incorrupta de santa Teresa é incerto.
Outras relíquias de santa Teresa
A mão direita da santa de Ávila não é o único membro venerado como relíquia. O Mosteiro da Anunciação de Nossa Senhora, em Alba de Tormes, conserva o túmulo com o resto do corpo, além do braço esquerdo e do coração, que constituem outras duas importantes relíquias
Um dos seus pés encontra-se no convento de Santa Maria de la Escala, em Roma, e a sua mão esquerda encontra-se em Lisboa. Também há suas relíquias na Igreja de São Pancracio.
Segundo um blog especializado em informações sobre Alba de Tormes, existem relíquias da santa em lugares como Nápoles, Bruxelas, Ávila, Paris, Toledo, Santiago de Compostela, Puebla, Valladolid, Palência e Sevilha.
De santa Teresa, também se conservam o seu cajado, o rosário, a sandália e a tira do hábito com que foi sepultada, bem como punhados de terra com que foi enterrada pela primeira vez.