23 de fev de 2024 às 15:29
A arquidiocese de Goiânia (GO) programou em 12 paróquias e quatro escolas católicas um ciclo dedicado à Lectio Divina, a leitura orante da Palavra de Deus. O ciclo começou no primeiro sábado da Quaresma, 17 de fevereiro, com o tema: “Vós sois todos irmãos” (Mt 23, 8) e continuará até o quinto sábado da Quaresma.
Essa Lectio Divina quaresmal ocorre na arquidiocese de Goiânia desde 2007 por iniciativa do então arcebispo de Goiânia, dom Washington Cruz. Segundo a arquidiocese, “desde o princípio” esta ação “foi voltada especialmente para a juventude”, para o jovem ter uma “proximidade com a Bíblia e a experiência com Deus a partir da leitura, meditação, oração e contemplação, passos próprios da prática da Lectio”, com o passar dos anos, adultos também tiveram o interesse pela Lectio.
A Lectio Divina, explica o diácono Guilherme Cunha, da arquidiocese de Goiânia e membro da comissão para Lectio Divina 2024, é “um modo que a Igreja tem de ler a Palavra de Deus por meio da leitura, da meditação, da oração e da contemplação da Palavra” promovendo na pessoa que faz “uma ação, conforme aquilo que a leitura” a “impulsiona a fazer”.
“Ela não é tão rápida, quanto uma leitura de um texto normal, que se lê somente procurando entender aquilo que está escrito e também não é tão minuciosa ao ponto de uma exegese bíblica, mais aprofundada”, disse o diácono. “Ela é feita para todos nós, para que, pudéssemos a cada dia ler a Palavra de Deus e a partir dela, utilizar na nossa oração diária com o Senhor”.
São cinco passos para fazer uma Lectio Divina, diz Cunha. “O primeiro é a leitura, que tem como objetivo compreender a Palavra, sua pergunta chave é: o que o texto bíblico diz?”.
O segundo é a meditação. “Sua finalidade é acolher a Palavra e responder sobre o que o texto diz para a pessoa neste dia?”.
O terceiro é a oração, em que a pessoa é convidada a responder a Palavra.
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O quarto passo é a contemplação, que inspira o fiel “viver a Palavra” e se questionar: “o que mudou em meu olhar? O que a Palavra me faz viver?”, disse o diácono.
“O quinto passo seria a ação, que realmente é como nós podemos construir essa civilização do amor, como eu posso agir motivado por essa Palavra a partir de agora, então cada dia nós temos missões diferentes”, disse Cunha sobre a Lectio Divina de Goiânia. “Nessa primeira semana cada um recebeu um QR Code que tinha uma notícia, um podcast que procurava entender um pouco mais a dor e sofrimento dos outros, realidades difíceis que se passaram aqui no Estado, no país ou até mesmo do mundo, e se colocaram à disposição para rezar por aquelas pessoas que passaram por essas dificuldades, passaram por situações sociais complicadas”, esclareceu Cunha.
Foi através de uma Lectio Divina na Quaresma que o diácono Guilherme Cunha descobriu que sua vocação era o sacerdócio. Ele contou a ACI Digital que em 2015 ele “estava namorando e com planos de casamento, mas, durante a quaresma daquele ano”, ele e sua namorada na época participavam da Lectio Divina na paróquia Universitária São João Evangelista, no campus universitário da PUC (GO). “A inquietação vocacional retornou forte”, disse ele, “com esse contato com a Palavra de Deus”.
Cunha decidiu “conversar com o padre responsável pelas vocações”, pois “sempre ficavam padres a disposição para o atendimento durante a Lectio Divina”.
“Terminei meu namoro, não foi uma decisão fácil, mas, eu tinha encontrado uma pérola ainda mais preciosa”, conta ele. “Nove anos depois, fui chamado por dom João Justino a presidir a Lectio Divina na mesma igreja onde retomei o meu caminho vocacional e agora também estou acompanhando a pastoral vocacional na arquidiocese. Parece coincidência, mas vejo que tudo foi uma grande providência de Deus para a minha vida”, declarou Guilherme.
A arquidiocese de Goiânia em conjunto com o setor juventude e pastoral vocacional também criaram uma novidade para este ano, o aplicativo “Lectio Divina 2024”. Segundo a arquidiocese, este aplicativo possibilita que esta “experiência possa ser vivida por um número maior de pessoas”, especialmente as que desejam “participar presencialmente” e não conseguem.
Para o jovem Thawan Pereira Silva, do Movimento Eucarístico Jovem (MEJ), da arquidiocese de Goiânia “a Lectio desse ano foi completamente estruturada para que haja uma mudança”. “Nós realmente temos a oportunidade de pegar a Palavra do Senhor e refletir e fazer a verdadeira Lectio Divina”, disse ele à ACI Digital.