27 de fev de 2024 às 15:03
Na sexta-feira (23), um grande grupo de jovens levou vida às ruas de Jerusalém pela primeira vez desde o início da guerra entre Israel e o Hamas em outubro do ano passado. Cerca de mil crianças e jovens de escolas cristãs percorreram a Via Dolorosa, na Cidade Velha, oferecendo orações pela paz, deixando um rastro de esperança.
A iniciativa, intitulada “A Via Sacra… Um Caminho de Paz”, foi organizada pela Custódia da Terra Santa e envolveu 12 instituições, incluindo duas escolas da Igreja Anglicana e a escola da Igreja Apostólica Armênia, bem como vários grupos católicos. Estiveram presentes também o custódio franciscano da Terra Santa, padre Francesco Patton, e o delegado apostólico em Jerusalém, dom Adolfo Tito Yllana.
A Via Sacra começou no santuário da Flagelação e terminou no convento franciscano de São Salvador. As primeiras oito estações aconteceram ao longo do percurso tradicional da Via Dolorosa. Em cada estação, depois da leitura das Escrituras e da oração, duas crianças soltaram um par de pombas, sinal visível da oração pela paz e pela liberdade levantada pelos participantes mais jovens.
“Todos os anos organizamos uma Via Crucis com os alunos das escolas”, disse à CNA, agência em inglês do grupo EWTN a que pertence ACI Digital, o vigário da Custódia da Terra Santa e diretor das Escolas Terra Sancta, padre Ibrahim Faltas. No ano passado, o evento teve uma ressonância particular: os alunos usaram lenços vermelhos – da cor do sangue – com a imagem da estátua vandalizada de Jesus, que havia sido profanada poucas semanas antes nas dependências do santuário da Flagelação.
A estátua quebrada e desfigurada nunca foi restaurada e tornou-se um símbolo do sofrimento de Jesus. Também este ano foi feita a primeira estação da Via Sacra em torno da estátua.
Receba as principais de ACI Digital por WhatsApp e Telegram
Está cada vez mais difícil ver notícias católicas nas redes sociais. Inscreva-se hoje mesmo em nossos canais gratuitos:
“Para os lenços escolhemos o branco, a cor da paz”, disse Faltas. “As inscrições 'Da nobis pacem Domine' e 'Concede-nos a paz' formam uma cruz no tecido. Também imprimimos uma pomba com um ramo de oliveira no bico, símbolo da paz.”
Faltas enfatizou a importância da liberdade de culto à luz de relatórios recentes que sugerem que o governo israelense poderia considerar restringir o acesso à esplanada das mesquitas no Monte do Templo durante o Ramadã, mês sagrado para os muçulmanos.
“Jerusalém deve estar aberta a todos; essa é a sua natureza. As pessoas não podem ser impedidas de ir rezar, em qualquer idade. Todos têm o direito de orar em seus locais de culto. Se durante o Ramadã as pessoas não conseguirem chegar às mesquitas, seria um problema significativo”, disse.
As estações 9 a 14 aconteceram no convento franciscano de São Salvador e no final da Via Sacra, o custódio da Terra Santa fez uma breve meditação sobre o dom de Jesus, que deu a vida por toda a humanidade — até por aqueles que o perseguiram.
“Peçamos-lhe a graça de manter os nossos corações livres do ódio e do desejo de vingança contra aqueles que nos prejudicam. Peçamos a graça de que todos os muros construídos de inimizade e ódio sejam demolidos. Peçamos a Jesus, que estendeu os braços entre o céu e a terra, que nos ajude hoje a construir uma ponte de paz através do nosso compromisso com a paz e a reconciliação na Terra Santa e em todo o mundo”, disse Patton.
Depois da recitação da “Oração Simples” atribuída a são Francisco de Assis, o delegado apostólico em Jerusalém, dom Adolfo Tito Yllana, concedeu a bênção final com a relíquia da Santa Cruz.
Depois do evento, o custódio conversou com os jornalistas presentes no evento e comentou a participação das crianças.
“Esta Via Sacra também teve como objetivo encorajar nossos filhos a permanecerem firmes na esperança”, disse. “Nos momentos em que parece que as pessoas não conseguem chegar a um acordo, devemos bater com mais insistência à porta de Deus com as nossas orações, para que aqueles que devem e podem oferecer uma solução para esta guerra possam ser guiados de volta à razão”.