29 de fev de 2024 às 14:46
A arquidiocese de Toledo, Espanha, exigiu que dois padres peçam perdão por declarações “que prejudicam a comunhão da Igreja e escandalizam o Povo de Deus”. Os padres tinham pedido que as pessoas rezassem para que o papa Francisco fosse “para o céu o mais rápido possível”.
Em um comunicado, a arquidiocese também expressa "a profunda rejeição de qualquer manifestação de desamor à pessoa e ao ministério do Santo Padre".
O comunicado da arquidiocese de Toledo diz ainda que “não se responsabiliza de forma alguma pelas declarações feitas” pelos padres no canal do YouTube La Sacristía de la Vendée, onde foram proferidas as palavras polêmicas.
O conteúdo das declarações, continua o comunicado, “não representa de forma alguma a linha de comunicação desta Igreja particular. Reiteramos e ratificamos os apelos à comunhão eficaz e afetiva com o Sucessor de Pedro que tanto o arcebispo como o seu bispo auxiliar fizeram em diversas ocasiões nos últimos meses”.
O comunicado diz que “não estão excluídas outras medidas corretivas em relação aos que são chamados a ser ministros de Cristo, ao serviço da unidade e da vida evangélica na Igreja, evitando qualquer conduta contrária ao seu estado”.
"Agradecemos o trabalho e a dedicação que sempre distinguiu o presbitério diocesano em promover a comunhão e o carinho pelo Sucessor de Pedro com o Povo Santo de Deus que caminha em Toledo", conclui a nota pública.
O que é La Sacristía de la Vendée?
As palavras que provocaram a publicação do comunicado da arquidiocese de Toledo foram pronunciadas no início do programa de entrevistas transmitido pelo canal La Sacristía de la Vendée em 22 de fevereiro, coincidindo com a festa da Cátedra de São Pedro.
La Sacristía de la Vendée é um canal no YouTube que transmite uma vez por semana, entre outros conteúdos, um programa de entrevistas “sacerdotal contrarrevolucionário” do qual participam vários padres de diferentes dioceses.
Geralmente são o padre Gabriel Calvo Zarraute, o padre Francisco José Delgado e o padre Rodrigo Menéndez Piñar, da arquidiocese de Toledo; o padre Juan Manuel Góngora, da diocese de Almería; o padre Roylan Recio, da diocese de Colorado Springs, EUA; e padre Francisco Torres, da diocese de Plasencia.
O que os padres disseram sobre o papa Francisco em La Sacristía de la Vendée
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Na apresentação do programa de 22 de fevereiro, o padre Delgado recordou a festa da Cátedra de São Pedro, dizendo que é um dia “para rezar pelo ofício petrino do Sucessor de Pedro”. O padre Góngora, na sua saudação inicial, incentivou, por ocasião daquela festa, a estar “unidos na verdade e na fidelidade ao Santo Padre e a rezar por ele, pela sua pessoa e intenções”.
Na sua apresentação, o padre Calvo Zarraute acrescentou: “Também rezo muito pelo papa, para que ele possa ir para o céu o mais rápido possível”, comentário ao qual o padre Delgado acrescentou: “É uma das coisas que você pode pedir para qualquer pessoa”.
Em seguida, o padre Charles Murr, um padre americano convidado para o encontro, foi apresentado e disse que se juntava “às orações do padre Gabriel pelo Santo Padre”. O padre Calvo lhe respondeu: “Somos muitos de nós com essa intenção”. Foi então que o padre Francisco Delgado acrescentou: “Bom, vamos ver se rezamos mais”.
Antes de cada programa de entrevistas, fica explícito na transmissão que "os participantes deste programa se submetem em tudo ao julgamento da autoridade eclesiástica" e expressam "sua total adesão aos ensinamentos da Igreja Católica".
Também deixa claro que “as opiniões expressas neste programa são da exclusiva responsabilidade de quem as emite e não representam necessariamente o pensamento de La Sacristía de la Vendée”.
Os padres de La Sacristía de la Vendée se desculpam pelo “comentário de mau gosto”
Na tarde do dia 28 de fevereiro, o perfil La Sacristía de la Vendée na rede social X publicou um comunicado no qual seus membros dizem: “Lamentamos o comentário infeliz, dito em tom humorístico, sobre 'rezar para que o papa vá para o céu o mais rápido possível'. “É um comentário de mau gosto e, embora não expresse desejos pela morte do papa, como alguns meios de comunicação difundiram maliciosamente, entendemos que pode ser entendido dessa forma”.
Depois expressam a sua “adesão ao papa Francisco, nos mesmos termos em que foi claramente dito no programa do passado dia 15 de fevereiro. Rejeitamos os ataques contra o papa e a unidade da Igreja e aqueles que negam a legitimidade do ministério do papa”.
Também disseram que lhes dói “ter podido confundir as almas simples que encontram formação e consolação em nosso programa. Muitos nos atribuem um papel importante na sua perseverança na fé católica e estamos preocupados que possamos ter causado confusão ou escândalo nas suas almas”.
Eles se recusaram a pedir desculpas "àqueles que farisaicamente se aproveitam de nosso deslize para atacar toda a nossa mensagem, embora tenhamos sido nós que lhes demos a oportunidade de fazer isso. Que Deus os perdoe”.
Por fim, os padres lamentaram “os problemas causados às nossas respectivas dioceses pela chegada de protestos coordenados contra as nossas ações. Não seria ruim que aqueles que são gratos por nosso trabalho manifestassem, se acharem conveniente, o seu apoio. Viva Cristo Rei!".