7 de mar de 2024 às 15:52
Vários padres manifestaram o seu repúdio à decisão da França de incluir o aborto na Constituição do país como um direito.
Na segunda-feira (4), o congresso francês aprovou esta medida por 780 votos a favor e 72 contra, tornando a França o único país do mundo a considerar o aborto um direito constitucional.
O padre Francisco Javier “Patxi” Bronchalo, da diocese espanhola de Getafe, disse em sua conta na rede social X que “o aborto é o maior ataque do mal dos nossos dias. A fé é a defesa”.
O que aconteceu, disse ele, é o resultado das “revoluções sem Deus, um rastro contínuo de sangue, primeiro para chegar ao poder, depois para mantê-lo”, continuou o padre.
“Quão diferente é a revolução de Cristo, deixando-se matar para dar vida. Se não entendemos que este é o caminho, ainda não entendemos do que se trata o cristianismo”, disse ele.
O padre espanhol também comentou que na Europa “não se vê a miséria material que existe em outras partes do mundo, mas há misérias piores que acabam destruindo os povos: as morais e as espirituais”.
“No momento em que a porta para o aborto é aberta, começa uma ladeira cada vez mais permissiva. Chamar o aborto de direito é apenas mais um passo, não será o último. Ao longo deste caminho chegará o dia em que uma mulher será forçada a fazer um aborto se o Estado assim o disser”, alertou.
Frei Nelson: A decisão sobre o aborto na França tem “o aroma do Senhor das trevas”
O frei Nelson Medina, dominicano colombiano conhecido por seu apostolado nas redes sociais, descreveu a decisão do congresso francês como “a péssima notícia do dia”.
Ele também criticou o uso da linguagem de alguns meios de comunicação, que abordam o tema de forma positiva, como quando utilizam a palavra consagrar em suas manchetes.
“É assim que o mundo está: consagrando a morte, o assassinato de inocentes, como um direito universal com caráter de dever de prestação vinculante do Estado, acima do direito daqueles que detestamos tal crime”, disse o frei Nelson.
“E se esta última frase tem aroma de oferenda ao Senhor das Trevas, não é por coincidência”, disse.
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O que aconteceu com o aborto na França “é simplesmente demoníaco”
O padre Eduardo Hayen Cuarón, da diocese Mexicana de Ciudad Juárez, disse que o ocorrido é “um acontecimento muito grave” e com isso “a França se torna o primeiro país democrático a consolidar o inexistente direito ao aborto em sua Carta Magna”.
“Existiam leis sobre o aborto – como existem em muitos países – mas colocá-las na Constituição consolida esta prática criminosa como um valor fundamental da nação”, disse.
Desta forma, continuou, “o aborto passa a fazer parte da alma nacional, por isso dificilmente os médicos poderão objetar em sua consciência para não o praticar. “É simplesmente demoníaco”.
“Os ideais da Revolução Francesa – liberdade, igualdade, fraternidade – foram pervertidos. A liberdade nunca será possível quando o mal estiver consolidado nos usos, costumes e leis de um povo. Uma nação é livre quando o bem é protegido e promovido. Matar uma pessoa inocente nunca será um ato livre, mas sim imensamente egoísta, um ato próprio dos escravos do mal”, disse o padre Hayen.
O padre mexicano recordou que “houve dois minutos de aplausos da classe política que aprovou a decisão; as feministas saíram para celebrar efusivamente nas ruas e até a Torre Eiffel foi iluminada de forma especial para glorificar o pecado, em reconhecimento às mulheres. Enquanto a festa do aborto se espalha por todo o lado, a cólera de Deus aumenta contra o povo francês”.
Uma sociedade “profundamente decadente”
Para o padre francês Matthieu Raffray, professor de teologia e filosofia, "uma sociedade onde as crianças são mortas antes do nascimento é uma sociedade profundamente decadente".
"Todos devem saber que, hoje, na França, uma criança suspeita de ter uma deficiência pode ser morta no útero até um dia antes do nascimento", advertiu o padre.
"Fazer isso alguns dias antes de nascer é uma barbaridade" e "é uma realidade, não são os fantasmas dos padres", continuou.
O padre perguntou se uma sociedade assim pode falar de progresso. Para ele, o aborto nunca "resolve o sofrimento individual" de uma mulher.