Um brasileiro foi ordenado bispo latino da ilha de Chipre. O último bispo latino residente ali morreu há 340 anos.

Segundo o Patriarcado Latino de Jerusalém, a consagração episcopal pelo patriarca latino de Jerusalém, dom Pierluigi Pizzaballa, de dom Bruno Varriano OFM, como bispo auxiliar de Jerusalém e vigário patriarcal para Chipre, ocorreu no sábado (16), no Centro de Conferências Filoxenia.

Dom Bruno Varriano nasceu em 25 de setembro de 1971 em São Paulo (SP), e tem cidadania italiana.

Foi ordenado sacerdote em 30 de agosto de 1997, na arquidiocese de Campobasso, na Itália. m 1999 ingressou na Custódia da Terra Santa na ordem dos frades menores. No dia 5 de outubro de 2003 professou solenemente seus votos perpétuos. É também psicólogo.

Entre 2013 e 2022 foi guardião e reitor da Basílica da Anunciação em Nazaré. É vigário patriarcal de Chipre desde agosto de 2022.

Os co-consagrantes foram o cardeal italiano Fortunato Frezza, que foi subsecretário do Sínodo dos Bispos; e o arcebispo maronita de Chipre, dom Selim Jean Sfeir. Os maronitas são católicos de rito oriental, cuja igreja – em comunhão com Roma – surgiu no Líbano, enquanto os católicos de rito latino são a maioria dos fiéis no Ocidente.

O arcebispo de São Paulo (SP), cardeal Odilo Pedro Scherer, participou da cerimônia.

“Reunimo-nos neste lugar especial para uma celebração igualmente especial: a consagração de um bispo latino, ao serviço da ilha de Chipre”, disse o cardeal Pizzaballa ao iniciar a missa.

“O último bispo latino residente na ilha morreu há exatos 340 anos. O que estamos testemunhando hoje é um momento histórico para a nossa Igreja, para o Patriarcado Latino, mas diria também para todos”, disse o cardeal Pizzabala.

Participaram também da missa o bispo de Setúbal, Portugal, cardeal Américo Manuel Alves Aguiar; e o núncio apostólico na Jordânia e Chipre, dom Giovanni Pietro Dal Toso, juntamente com outros 40 bispos e centenas de sacerdotes, como padre Francesco Patton, custódio franciscano da Terra Santa.

Também compareceram vários líderes ortodoxos e evangélicos, autoridades civis locais, bem como amigos e familiares do novo bispo.

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Na sua homilia, o cardeal Pizzaballa disse ao novo bispo que, diante dos atuais desafios pastorais, são necessárias “uma presença eclesial cada vez mais sólida” e “uma pastoral diferente e mais corajosa, estendida a todos os fiéis espalhados pelo nosso território”. Eles muitas vezes se encontram em situações sociais muito vulneráveis.”

“A tua primeira preocupação é ser próximo de todos, apoiar da melhor maneira possível as necessidades de todos, mas sabendo que a tua primeira tarefa é ser imagem do Bom Pastor, fazer com que todos voltem ao encontro do Ressuscitado, do verdadeiro e único Bom Pastor, exortou o patriarca.

O cardeal disse então que “o primeiro e único plano pastoral que deverá apresentar é testemunhar que o encontro com Cristo é a coisa mais bela que pode acontecer a uma pessoa e que uma comunidade cristã vive da eucaristia antes de qualquer outra atividade, fazendo todo o possível para que a vida de Cristo se encarne na vida das nossas comunidades”.

“Entregue a sua vida todos os dias ao rebanho que lhe foi confiado”, exortou.

Católicos latinos em Chipre

O Patriarcado Latino de Jerusalém é composto por cinco vicariatos: o de Chipre, o da Jordânia, o de Israel, aquele dedicado aos migrantes e solicitantes de asilo; e o de Santiago.

A presença de católicos latinos em Chipre remonta ao ano de 1192. Em 1196 um arcebispo latino tomou posse em Nicósia, atual capital da ilha, acompanhado por três bispos para as cidades de Famagusta, Limassol e Paphos, que levou à chegada de muitas ordens até 1570, quando Chipre foi conquistado pelos turcos otomanos, que dissolveram a Igreja, provocando o exílio de muitos.

Em 1878 as escolas católicas conseguiram multiplicar-se e a independência da ilha em 1960 permitiu o reconhecimento dos católicos como grupo religioso, com representante no Parlamento.

Dom Bruno Varriano viverá em Nicósia e vai liderar onze sacerdotes que trabalham lá e nas cidades de Limassol, Larnaka e Paphos.

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Há atualmente “muitas organizações sociais, humanitárias e de caridade (abrigo para trabalhadores estrangeiros, lares de idosos) em Chipre, e as paróquias e o seu representante no Parlamento publicam boletins mensais e quinzenais”, diz o site do Patriarcado Latino de Jerusalém.