MADRI, 10 de fev de 2006 às 14:33
O Comitê Executivo da Conferência Episcopal Espanhola (CEE) publicou uma nota em que adverte dos riscos da Lei de Técnicas de Reprodução Humana Assistida, que será votada em breve no Congresso, e assegura que esta poderia abrir as portas para a clonagem de seres humanos."Com a licença legal para clonar seres humanos e a negação de proteção à vida humana incipiente", o Evangelho "obriga a chamar a atenção sobre uma lei que nega o amparo jurídico que um ordenamento justo deve dar à vida humana incipiente", assinala a nota lida pelo porta-voz da CEE, Padre Juan Antonio Martínez Caminho.
Os prelados assinalam que a lei em trâmite "suscita uma profunda preocupação" e advertem que sua denúncia "pode ser apresentada falsamente como um preconceito religioso de um grupo social contrário ao avanço da ciência".
Do mesmo modo, precisam que "não será possível aos deputados católicos apoiar esta lei com seu voto. Temos que dizer 'não', porque não podemos omitir o 'sim' conseqüente à dignidade humana e à justiça".
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O Episcopado afirma que se a lei não for modificada "passará à história como uma das primeiras do mundo que dá licença para clonar seres humanos, autorizando a chamada 'clonagem terapêutica'".
"Trata-se de produzir seres humanos clonados que, além de não deixarem nascer, tirarão suas vidas utilizando-os como material de ensaio científico em busca de possíveis terapias futuras. A Lei permite estas gravíssimas injustiças e, além disso, queira-se ou não, abre também a porta à futura produção de crianças clones, quer dizer, à chamada 'clonagem reprodutiva'", adverte o texto.
Também denuncia que a lei "permite produzir embriões humanos não mais para a reprodução, mas sim como mero material de pesquisa e "possibilita a comercialização, tráfico e uso industrial dos embriões humanos chamados "sobras" das práticas de reprodução".
Outro risco da lei é que poderia permitir a seleção eugênica através da produção dos chamados "bebês-medicamento" ou "crianças que nascerão com determinados fins terapêuticos, depois que outros irmãos deles, inapropriados para esses fins, tiverem sido selecionados para a morte nos primeiros dias de sua existência".