Uma delegação de bispos alemães estará amanhã (22) em Roma para reuniões com a Santa Sé sobre o Caminho Sinodal Alemão.

Embora a agenda não seja de conhecimento público, o encontro provavelmente vai focar nos planos para instalar um conselho sinodal permanente para supervisionar a Igreja na Alemanha.

Ao levantar várias preocupações, a Santa Sé lembrou aos alemães antes da reunião numa carta de 16 de fevereiro que a Santa Sé não autorizou a criação de tal conselho.

Dirigindo-se ao presidente da Conferência Episcopal Alemã (DBK, na sigla em alemão), dom Georg Bätzing, bispo de Limburg, autoridades da Santa Sé disseram aos alemães “que nem o Caminho Sinodal, nem qualquer órgão por ele estabelecido, nem qualquer conferência episcopal tem competência para estabelecer o ‘concílio sinodal’ em nível nacional, diocesano ou paroquial”.

As advertências anteriores de Roma nem sempre foram bem recebidas, e a carta de fevereiro, assinada pelos cardeais pelo Secretário de Estado da Santa Sé, o cardeal Pietro Parolin, o prefeito do dicastério para a Doutrina da Fé, o cardeal Victor Manuel Fernández e o prefeito do dicastério para os bispos, o cardeal Robert Prevost – pode ter um destino semelhante.

“Tenho a impressão de que não somos devidamente compreendidos em Roma”, disse o bispo de Aachen, dom Helmut Dieser, à agência de notícias católica alemã KNA esta semana sobre a reunião de amanhã (22) em Roma.

Embora esperasse progressos, Dieser, que apoia mudanças na doutrina da Igreja sobre sexualidade e gênero, também criticou a Santa Sé. Ao observar que Roma convidou bispos, não leigos, o bispo disse que esse “não era o estilo de liderança que tentamos estabelecer na Alemanha."

Uma carta particular do Papa Francisco

A questão de como a liderança da Igreja é entendida pelo caminho sinodal é polêmica. Embora o papa Francisco tenha dito no Sínodo da Sinodalidade em 4 de outubro de 2023, que “o Sínodo não é um parlamento”, uma das principais organizadoras do caminho sinodal alemão, a presidente do ZdK, Irme Stetter-Karp, defendeu decisões por maioria na Igreja.

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Esperava-se que a conferência episcopal alemã votasse os estatutos de uma comissão preparatória durante a sua assembleia plenária em fevereiro.

No entanto, essa votação foi suspensa na sequência da intervenção da Santa Sé. Ao mesmo tempo, os planos para estabelecer um conselho até 2026 claramente não foram abandonados. Segundo o site katholisch.de, o portal oficial da Igreja na Alemanha, o comitê ainda vai se reunir novamente em junho para discutir os planos.

Além disso, o Comitê Central do lobby leigo católico alemão (ZdK, na sigla em alemão) já aprovou os estatutos do comitê em 25 de novembro de 2023, apesar das advertências anteriores de Roma sobre o risco de um novo cisma alemão.

O papa Francisco criticou o trabalho do comitê preparatório em uma carta privada em novembro de 2023. Ao chamar o comitê de um dos “numerosos passos concretos que grandes porções dessa Igreja local estão tomando agora”, ele advertiu que estes “ameaçam afastá-la mais e mais do caminho comum da Igreja universal”.

Ao usar um tom cuidadosamente otimista, o arcebispo de Paderborn, Udo Bentz, pediu paciência para promover “bons processos sinodais”, mesmo que isso às vezes significasse caminhar uma milha a mais, mas fazê-lo juntos.

O Caminho Sinodal Alemão descreve-se como um processo que reúne bispos alemães e leigos selecionados para debater e aprovar resoluções com base em um estudo sobre abusos sexuais publicado em 2018.

Os participantes votaram a favor de projetos de documentos que propõem a ordenação sacerdotal de mulheres, bênçãos a uniões homossexuais e mudanças na doutrina da Igreja sobre atos homossexuais.