2 de abr de 2024 às 09:32
Na Basílica do Santo Sepulcro de Jerusalém, a igreja da Ressurreição do Senhor, a Vigília Pascal é celebrada no sábado de manhã e não à noite. Por isso também é considerada “a mãe de todas as vigílias santas”.
A decisão está relacionada ao Status Quo, um acordo ou conjunto de acordos que regem a convivência e as práticas religiosas nos locais sagrados da cidade.
A solene celebração do sábado (30), foi conduzida pelo patriarca latino de Jerusalém, cardeal Pierbattista Pizzaballa, diante da edícula do Santo Sepulcro, que contém o túmulo de Jesus.
“A liturgia de Jerusalém é construída em torno deste lugar, assim como a liturgia de toda a Igreja. Daqui, de fato, tiramos a luz que ilumina toda a vida cristã. E nós, a Igreja de Jerusalém, devemos e queremos ser aqueles que primeiro anunciam a chegada dessa luz e a levam ao mundo”, disse o patriarca na sua homilia.
A celebração começou na entrada da basílica, em total escuridão, onde foi o rito do “candelabro”. O patriarca abençoou o fogo novo, que servia para queimar o incenso no incensário, com o qual incensou a basílica enquanto avançava em direção à edícula do Santo Sepulcro.
Bem em frente à edícula, com a ajuda da chama retirada de uma das lamparinas, acendeu o círio pascal junto com uma fileira de lamparinas. Depois continuou o canto do Pregão Pascal (também conhecido como Exultet), seguido do Glória. Em seguida foram lidos as sete leituras e os sete salmos que contam a história da salvação, acompanhados do toque dos sinos para anunciar a Páscoa.
“Reverendo padre, anuncio-lhe uma grande alegria, e é Aleluia!”, anunciou o diácono ao patriarca. Depois dessas palavras, o canto do Aleluia foi cantado três vezes.
Uma nova luz emerge do túmulo. Aqui, segundo uma antiga tradição de Jerusalém ligada a este lugar e a este dia, o próprio patriarca deve proclamar o Evangelho da Ressurreição diante da porta da edícula, no mesmo lugar onde ocorreu.
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“Levantemos o nosso olhar! O evangelista nos diz, antes de tudo, que as mulheres levantam o olhar (Mc 16,4): é uma expressão para dizer que algo novo aconteceu, algo que não dependia da força humana, para dizer que Deus se fez presente. E que o homem, para ver essa maravilha, precisa olhar para cima”, exortou o patriarca na sua homilia.
A basílica estava visivelmente vazia, com uma clara ausência de peregrinos e cristãos que normalmente vêm dos territórios palestinos para as festividades da Páscoa.
A referência à situação atual surgiu nas palavras do patriarca: “Os dias terríveis que estamos vivendo parecem ter zerado nossas expectativas, fechado todas as estradas, cancelado o futuro. Mas se ao menos erguêssemos o olhar, talvez nós também, como as mulheres do Evangelho de hoje, pudéssemos ver algo novo, algo que está se cumprindo”.
“Jesus”, acrescentou o patriarca, “derrubou os portões do reino da morte com a única arma à qual a morte não pode resistir, que é o amor. Se amarmos, seremos livres, seremos ressuscitados”.
Estas palavras introduziram o terceiro momento da liturgia do dia, que é a renovação das promessas batismais. No lado norte da edícula do Santo Sepulcro, o patriarca abençoou a água mergulhando o círio pascal num rito muito evocativo.
Depois de abençoar os sacerdotes e fiéis, a missa continuou com a liturgia eucarística.
“O que desejo a todos vocês é que ‘deixemos de procurar entre os mortos Aquele que está vivo’ (cf. Lc 24, 5) e, como as mulheres do Evangelho, que tenhamos um desejo renovado de olhar para cima. Que a Páscoa de hoje seja um convite para sair, para ir à nossa Galileia de hoje, para procurar os sinais de Sua presença, a presença da vida, do amor e da luz”, disse o patriarca.
No final, depois da benção solene, o cardeal Pizzaballa dirigiu as saudações pascais e despediu-se de todos os presentes.