22 de abr de 2024 às 15:02
O Ministério Público e agentes da Polícia Boliviana fizeram uma busca e apreensão na casa do bispo emérito de San Ignacio de Velasco, dom Carlos Stetter, na sexta-feira (19), no âmbito das investigações que o envolvem em um caso de suposta lavagem de dinheiro ou “legitimação de lucros ilícitos”.
Segundo o jornal local El Deber, na operação, liderada pelo promotor Gustavo Ríos, as autoridades confiscaram uma pick-up Hilux e uma série de documentos.
"A origem do patrimônio do bispo está sendo investigada. A investigação foi iniciada há dois meses pelo Ministério Público", disse Ríos, segundo o jornal. A investigação surgiu quando foi supostamente detectado que o bispo é dono de imóveis e tem um fluxo financeiro que excede um milhão de dólares.
No entanto, a Conferência Episcopal Boliviana (CEB) e a diocese de San Ignacio de Velasco apoiaram o bispo de origem alemã, que atualmente tem 83 anos e exerce o seu ministério há mais de quatro décadas na Bolívia.
A Secretaria Geral da CEB manifestou a sua “proximidade” e disse que os bispos “em nenhum momento” duvidaram “que suas ações em todas as questões administrativas da diocese sempre foram realizadas com total transparência e honestidade”.
Também pediu que o Ministério Público faça a investigação “no marco do devido respeito às leis e aos processos judiciais e sob critérios éticos de verdade e transparência”.
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A diocese de San Ignacio de Velasco descreveu a operação como “um ato abusivo contra um pastor da Igreja Católica que dedicou uma vida de serviço ao povo”.
“A presunção de que ‘o seu movimento econômico não se enquadra nas atividades que desenvolve como religioso’, apenas comprova a ignorância e o preconceito do procurador que não sabe apreciar o que significa a atividade e a vida da Igreja, e mostra que desaparece na Bolívia a presunção de inocência”, continua a mensagem.
A diocese boliviana disse ainda que dom Stetter, através de vários investimentos, incluindo escritórios alugados à procuradoria de Santa Cruz de la Sierra, “financia as suas atividades que incluem a manutenção de uma rede de torres de transmissão de meios católicos, apoia a construção de capelas, doou uma ambulância ao município de San José de Chiquitos e outras obras de caridade”.
“Esse tratamento abusivo é uma violência verdadeira e gratuita contra sua vida. Exigimos a retirada desta denúncia sem fundamento e a devolução imediata dos seus bens. Os protagonistas deste caso devem um pedido de desculpas e o povo deve muita gratidão a dom Carlos Stetter”, continuou o comunicado.
Por fim, o comunicado acrescentou que dom Stetter “leva uma vida pessoal austera” e aos 83 anos (57 como sacerdote, 45 como missionário e 36 como bispo) “está prestes a dar os últimos suspiros em favor deste povo”.