23 de abr de 2024 às 10:21
A Conferência Episcopal Católica da Índia (CBCI, na sigla em inglês) condenou o ataque de um grupo radical hindu a uma escola católica no sul da Índia.
Uma multidão agrediu um padre e vandalizou a Mother Teresa English Medium School, no Estado de Telangana, em 16 de abril, porque os administradores da escola repreenderem os alunos por usarem roupas religiosas hindus em vez do uniforme escolar.
A CBCI publicou um comunicado em 16 de abril depois do ataque violento.
"O ataque, feito por uma multidão de antissociais, é um ato reprovável de violência contra uma instituição de ensino e seus funcionários", disse a CBCI.
O diretor da escola administrada pela Congregação Missionária do Santíssimo Sacramento, ligada à Igreja Siro-Malabar, o padre Jaison Joseph, descreveu o ataque em entrevista à CNA, agência em inglês do grupo EWTN, ao qual pertence ACI Digital, no último sábado (20).
"Quando vi alguns alunos usando roupas de cor açafrão em vez do uniforme escolar, disse para eles trocarem de roupas ou pedirem para os pais virem nos informar", disse Joseph.
"Depois de algum tempo, começaram a entrar pessoas com roupas de cor açafrão. Em uma hora, a multidão aumentou de 50 para mais de 500, e eles me cercaram e começaram a me bater. Colocaram um xale de cor açafrão no meu pescoço e aplicaram a tilaka [marca hinduísta de tinta cor vermelho-açafrão] na minha testa", disse o padre.
Os meios de comunicação divulgaram a cena chocante do padre sendo forçado a gritar "Jai Shri Ram" ("Salve o senhor Rama") enquanto a multidão vandalizava o prédio da escola e atacava professores e funcionários.
Antes disso, a multidão gritou "Jai Shri Ram" e atirou pedras contra a estátua de santa Teresa de Calcutá instalada no portão principal da escola. Os agressores danificaram o escritório de segurança da escola, onde mais de mil alunos estão matriculados, 80% dos quais são hindus, 10% cristãos e 10% muçulmanos.
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"Todos os partidos [políticos] estavam envolvidos. Foi um ataque com motivação religiosa", disse o bispo de Adilabad, da Igreja Siro-Malabar, dom Antony Panengaden.
"Pedimos às autoridades que garantam a segurança dos padres e [tomem] medidas contra os perpetradores", disse Panengaden.
Logo depois do ataque, a polícia causou indignação entre os cristãos ao abrir um processo criminal contra a escola católica e a direção da escola, acusando-os de "ofender sentimentos religiosos e promover inimizades entre diferentes grupos por motivos religiosos".
No entanto, depois de protestos generalizados de vários grupos cristãos e cobertura viral da mídia sobre o incidente, a polícia anunciou a prisão de nove pessoas ligadas ao ataque na última quinta-feira (18).
A Federação Estadual de Igrejas de Telangana, que liderou o protesto, lamentou o ataque como "desprezível" antes da polícia anunciar a prisão dos suspeitos.
O fórum cristão ecumênico disse que "condena com grande tristeza e profunda preocupação" o "ataque atroz".
"Pedimos à comunidade cristã que esteja unida e reze pela paz e unidade neste momento de aflição para a comunidade amante da paz", disse o secretário do fórum, o padre Alex Raju, no comunicado.
A CBCI também pediu a "todas as comunidades que resistam à propagação de desinformação e retórica divisiva. Somos todos parte integrante desta grande nação, e nossa unidade na diversidade é uma pedra angular de nossa identidade".
"Imploramos aos nossos concidadãos, independentemente da fé, que se unam contra qualquer tentativa de explorar nossa diversidade para agendas estreitas e egoístas. Vamos reafirmar nosso compromisso com a paz, o respeito mútuo e a prosperidade coletiva de nosso amado país", diz o comunicado assinado pelo porta-voz da CBCI, o padre Robinson Rodrigues.