“Uma paz negociada é melhor do que uma guerra sem fim”, disse o papa Francisco durante uma nova entrevista ao responder se tem alguma mensagem para Vladimir Putin, o presidente russo que lidera a guerra na Ucrânia.

Na madrugada de ontem (24), a emissora americana CBS transmitiu alguns trechos de uma nova entrevista que a jornalista Norah O'Donnell fez com o papa Francisco na Casa Santa Marta, onde ele mora no Vaticano.

Durante a conversa, cuja versão na íntegra será publicada no domingo, 19 de maio, o papa fala sobre os conflitos mundiais e especialmente sobre o sofrimento das crianças nas guerras.

A jornalista O'Donell perguntou ao papa Francisco se tinha alguma mensagem para Vladimir Putin sobre a Ucrânia. Ao que o papa respondeu: “Por favor, países em guerra, todos eles... Parem a guerra. Procurem negociar. Busquem a paz. Uma paz negociada é melhor do que uma guerra sem fim”, disse ele.

Em relação às crianças que sofrem as consequências da guerra em Gaza, o papa Francisco disse que “todas as noites, às 19 horas, ligo para Gaza à paróquia. Há cerca de 600 pessoas lá e elas me contam o que está acontecendo. É muito difícil. Muito, muito difícil. E a comida chega, mas eles têm que lutar por ela. É muito difícil”, lamentou. Ele também disse que reza muito para alcançar a paz.

Francisco convidou a pensar nas crianças da Ucrânia, que por causa da guerra “se esquecem de sorrir”. Para ele, isso é “muito grave”.

Na entrevista, o papa Francisco também falou sobre as mudanças climáticas e disse que quem a nega é “porque não a compreende ou por interesse”. Ele reiterou que “as mudanças climáticas existem”.

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Segundo declarações dos meios de comunicação, Francisco também disse que na Igreja “há sempre um lugar”, “há espaço para todos”. “A Igreja é muito grande. É mais do que um templo... você não deve fugir dela”.

Polêmica depois das palavras do papa Francisco sobre a “bandeira branca”

Ao referir-se ao conflito na Ucrânia durante uma entrevista publicada em março passado pela estação de rádio suíça RSI, o papa Francisco disse: “Mas creio que é mais forte quem vê a situação, quem pensa nas pessoas, quem tem a coragem da bandeira branca, para negociar".

Estas palavras causaram controvérsia e tiveram de ser esclarecidas pelo porta-voz da Sala de Imprensa da Santa Sé, Matteo Bruni, uma vez que foram interpretadas como um apelo à rendição da Ucrânia à Rússia.

O porta-voz da Santa Sé esclareceu que o papa apoiava “a cessação das hostilidades e uma trégua alcançada com o valor das negociações”, em vez de uma rendição aberta da Ucrânia.

Bruni também disse que foi o jornalista que entrevistou o papa quem utilizou o termo “bandeira branca” ao fazer a pergunta.