Extremistas muçulmanos incendiaram várias casas de cristãos em Minya, província no sul do Egito, menos de duas semanas antes de os cristãos ortodoxos celebrarem a Páscoa.

Segundo o jornal The New Arab, fanáticos anticristãos começaram a incendiar casas de cristãos na vila de Al-Fawakher na noite da terça-feira (23) depois de não conseguirem desapropriar os cristãos de suas casas em represália por tentarem construir uma igreja na vila.

Em sua conta oficial na rede social X, o bispo ortodoxo copta Anba Macarius escreveu ontem (24) que as forças de segurança egípcias "controlaram a situação, prendendo os instigadores e perpetradores" e que o governo "vai indenizar os afetados e responsabilizar os perpetradores".

"Que Deus proteja nosso querido país, o Egito, de todo mal", acrescentou Macarius.

A CNA, agência em inglês do grupo EWTN, ao qual pertence ACI Digital, entrou em contato com autoridades da Igreja Ortodoxa Copta, mas não obteve resposta até o momento da publicação. O vídeo das casas em chamas foi compartilhado nas redes sociais com músicas comemorativas e letras em árabe.

 

O cristianismo no Egito data dos primórdios da fé e quase 10% da população do país, de 111 milhões de habitantes, é cristã. A maioria dos cristãos egípcios pertence à Igreja Ortodoxa Copta e cerca de 2,5% à Igreja Católica Copta e outras igrejas particulares.

 

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Os cristãos constituem a maior minoria no Egito, e Macarius lidera os cristãos coptas da província de Minya, onde vivem aproximadamente um terço dos cristãos do país. Ele sobreviveu por pouco a uma tentativa de assassinato há mais de dez anos.

 

A organização Portas Abertas, que monitora a perseguição a cristãos, classifica o Egito como o 38º país mais perigoso do mundo para ser cristão. Em 2018, sete cristãos foram mortos por terroristas muçulmanos que atacaram um ônibus que transportava peregrinos. Em 2017, terroristas do Estado Islâmico atacaram duas igrejas ortodoxas coptas com bombas, matando mais de 40 pessoas. E um terrorista detonou uma bomba matando a si mesmo e a 189 fiéis e ferindo mais de 400 pessoas na Igreja de São Pedro e São Paulo, no Cairo, em dezembro de 2016.

 

A Comissão dos EUA para a Liberdade Religiosa Internacional (USCIRF, na sigla em ingles), notou que embora o governo do presidente Abdel Fatah el-Sisi tenha nomeado o primeiro cristão para a Suprema Corte Constitucional do país e também tenha condenado um muçulmano extremista pelo assassinato de um padre, criticou o "ritmo lento das aprovações para o acúmulo de pedidos de legalização", o que permitiria a construção de novas igrejas. O Egito está na Lista Especial de Vigilância da USCIRF por tolerar graves violações da liberdade religiosa.

 

Em 2016, o poder legislativo do Egito aprovou a Lei de Construção de Igrejas, para legalizar a construção de igrejas com licenças no país.