A Bandeira Internacional Pró-Vida não será hasteada nas escolas católicas de Toronto, no Canadá, em maio.

 

Os curadores do Conselho Escolar do Distrito Católico de Toronto (TCDSB, na sigla em inglês) votaram contra a proposta do administrador Michael Del Grande de que a bandeira pró-vida fosse hasteada em todas as escolas e no Centro de Educação Católica de Toronto durante o mês de maio, assim como o conselho votou a favor de hastear a bandeira do “orgulho gay” em junho.

 

A moção de Del Grande foi derrotada na reunião do conselho na terça-feira (23). Só o conselheiro Garry Tanuan apoiou a moção de Del Grande. Os outros oito conselheiros presentes e os dois curadores estudantis se opuseram à proposta.

 

Embora Del Grande não tenha conseguido apoio suficiente de seus colegas, seu plano, que também teria orientado todas as escolas do TCDSB a ensinar um currículo exclusivamente pró-vida em 9 de maio, dia da Marcha Nacional pela Vida no Canadá, recebeu apoio do público.

 

Desafiando pedidos da presidente do conselho escolar, Nancy Crawford, para ficarem em silêncio, os espectadores aplaudiram ao ouvir as declarações de Del Grande, Tanuan e dois delegados convidados em apoio à moção. E quando a curadora Angela Kennedy sinalizou sua intenção de votar contra a moção logo no início de seus comentários preparados, ela foi abafada por protestos. Um homem bradou continuamente: "Respondemos a Jesus Cristo".

 

Crawford concordou que "respondemos a Jesus Cristo", mas ela disse ao homem que ele deveria se calar ou seria escoltado do prédio por seguranças. Os participantes ignoraram o aviso e as objeções continuaram, forçando Crawford a pausar a reunião por dez minutos para acalmar a situação.

 

Ao retomar os procedimentos, Crawford apelou ao "senso de bondade, caridade e generosidade" do público para não interromper a reunião novamente, dizendo que do contrário, pediria à segurança que retirassem todos do local.

 

A multidão inicialmente obedeceu, ficando em silêncio enquanto Kennedy fazia seu discurso e a administradora Maria Rizzo entregava sua discordância à moção.

 

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No entanto, a tensão na sala aumentou quando os conselheiros votaram contra a moção. Os que ficaram decepcionados com o resultado advertiram o conselho gritando repetidamente "vergonha", e Crawford ordenou que a segurança escoltasse todos os visitantes para fora do prédio, pois "eles não estão preparados para permanecer em silêncio".

 

Os discursos a favor ou contra hastear a bandeira pró-vida foram ofuscados em certa medida pela polêmica em torno da conduta do público. No entanto, ambos os lados apresentaram argumentos de forma acalorada.

 

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Del Grande disse o que o Catecismo da Igreja Católica e a recente declaração Dignitas Infinita divulgada pelo dicastério para a Doutrina da Fé da Santa Sé afirmam a santidade da vida e condenam o aborto. A Dignitas Infinita alerta que "hoje, na consciência de muitos, a percepção da sua gravidade foi-se progressivamente obscurecendo. A aceitação do aborto na mentalidade, no costume e na própria lei é sinal eloquente de uma perigosíssima crise do senso moral, que se torna sempre mais incapaz de distinguir entre o bem e o mal, mesmo quando está em jogo o direito fundamental à vida”.

 

Del Grande disse que "não poderia pensar em nenhuma razão legítima para que esta moção não fosse aprovada por unanimidade. Somos um conselho pró-vida, e espero que votem a favor da minha moção para que o TCDSB faça sua parte para defender vigorosamente o grupo mais marginalizado e vitimizado deste país, ou seja, 100 mil crianças  que são mortas no útero por ano."

 

Tanuan sugeriu que os canadenses pró-vida reverenciariam a Bandeira Internacional Pró-Vida como um símbolo que denotaria "segurança, verdade e esperança" e produziriam o impacto afrimativo comparável ao que uma criança ou adulto indígena veria a bandeira de apoio à causa indígena no Canadá Every Child Matters (Toda Criança Importa, em tradução livre).

 

Em sua resposta, Rizzo disse que a moção mostra como "o conselho escolar se tornou uma espécie de local de controvérsia". Ela afirmou que a diferença crítica entre a decisão de hastear a bandeira do “orgulho gay” e a moção da bandeira pró-vida é que a primeira foi "impulsionada por estudantes".

 

Kennedy disse que a moção equivale a "uma espécie de doutrinação" que confronta a com a expectativa do ministério da Educação "de que cada aluno vai alcançar resultados acadêmicos, sociais, espirituais e será o graduado de Ontário que será bem-sucedido no cenário global".

 

Ela também argumentou que o TCDSB tem "expectativas de pós-graduação católicas bem completas, e essa moção, se aprovada, destruiria o significado por trás dessas expectativas e as tornaria sem sentido".