BUENOS AIRES, 15 de fev de 2006 às 11:47
Em um artigo divulgado pela agência católica AICA, o Arcebispo de La Plata, Dom Héctor Aguer, questionou as estatísticas divulgadas pelo Ministro da Saúde, Ginés González García, segundo as quais na Argentina se praticariam 800 mil abortos clandestinos por ano.Dom Aguer escreveu o texto intitulado "Verdades, meias verdades, mentiras" no que se pergunta "como se faz para contabilizar mais de duas mil operações clandestinas por dia? Se isto se trata de um cálculo estimativo, seria bom saber quais são seus fundamentos. Por acaso há denúncias destas ações ilegais?"
O Arcebispo lembrou a célebre historia do doutor Bernard Nathanson, "que foi diretor da maior clínica de 'saúde sexual' do mundo, onde praticou pessoalmente 5000 abortos. Aplicado então ao estudo científico do feto no interior do útero materno reconheceu que o fruto da concepção é desde o primeiro instante um ser humano e se converteu em testemunha qualificada contra o movimento abortista".
Nathanson revelou que em 1968 os abortistas afirmavam "que nos Estados Unidos se praticavam um milhão de abortos clandestinos, quando sabíamos que estes não ultrapassavam os dez mil; mas esta cifra não nos servia e por isso multiplicamos para chamar a atenção. Também repetíamos constantemente que as mortes por abortos clandestinos se aproximavam das dez mil, quando sabíamos que eram duzentas, nada mais, mas este número era muito pequeno para a propaganda. Esta tática do engano e da grande mentira, quanto mais se repete, acaba sendo aceita como verdade".
O Arcebispo explicou que "ao apresentar este antecedente não pretendo julgar intenções, mas sim lembrar que existe uma campanha internacional protagonizada por várias organizações, políticos de todos os níveis e meios eficazes de comunicação; constituem uma rede dotada de recursos abundantes para envolver a opinião mundial".
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Falácias
Dom Aguer advertiu que para rebater esses números suspeitos, implementou-se um programa oficial de saúde reprodutiva que "sob o eufemismo de ‘educação sexual’ chega a adolescentes e jovens com informação parcializada e distribuição de anticoncepcionais e preservativos, difunde uma dupla falácia".
"A primeira: não se informa sobre o caráter potencialmente anti-implantatório, quer dizer abortivo, dos anticoncepcionais hormonais (a droga levonorgestrel e outras semelhantes) e do dispositivo intra-uterino (D.I.U.) O propósito de impedir a concepção fica reforçado pela possibilidade de evitar que o ser humano já concebido encontre no endométrio materno o ninho que necessita para começar seu desenvolvimento", indicou.
Para o Prelado, "a segunda falácia está implícita na alegre distribuição de camisinhas e na promoção de seu emprego, com o que se procura inculcar a prática do ‘sexo seguro’. Terei que advertir, pelo menos, que tão seguro não é".
"Fontes inquestionáveis afirmam que o preservativo não dá proteção absoluta contra a gravidez não desejada e a transmissão dos vírus da AIDS e do papiloma humano e das outras doenças que se contraem pela atividade sexual desordenada", recordou.
"A campanha patrocinada pelo Ministério de Saúde da Nação parece orientada a infundir uma sensação de segurança fictícia que não favorece uma conduta sexual autenticamente responsável. Assim se mal-educa crianças e adolescentes, com as conseqüências que são fáceis de prever. Nosso povo, e especialmente os jovens e a multidão de pobres, tem direito de saber toda a verdade", concluiu.