“Os santuários são vistos como lugares onde o Amor de Deus se atualiza constantemente e onde os fiéis podem aprofundar a sua fé”, disse o bispo de Setúbal, Portugal, cardeal Américo Aguiar, em nota sobre o santuário de Cristo Rei, em Almada, Portugal, que completa hoje (17) 65 anos. A inspiração para o monumento, voltado para a capital portuguesa Lisboa, nasceu do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro (RJ).

Na nota episcopal “O Santuário de Cristo Rei – Passado, Presente e Futuro”, o cardeal diz que os santuários “são espaços privilegiados, lugares de encontro com o Senhor da vida, onde Deus se faz presente e se comunica aos peregrinos por meio da Sua Palavra e dos Sacramentos”.

“Os fiéis visitam os santuários como se fossem o Templo de Deus vivo, um local de aliança viva com Ele, onde a graça dos Sacramentos os liberta do pecado e os fortalece para testemunhar a fé com alegria e vigor renovados. Os Santuários oferecem oportunidades para a nova evangelização e promovem a religiosidade popular, levando-a a uma compreensão mais profunda e madura da fé”.

Na nota, dom Aguiar disse que “a idealização do projeto do Santuário de Cristo Rei é indissociável da espiritualidade do Coração de Jesus, que caracterizou a pessoa e a missão” do patriarca de Lisboa cardeal Manuel Gonçalves Cerejeira (1888-1977).

História do Santuário de Cristo Rei

“Em 1936, ao sobrevoar, de avião, a cidade do Rio de Janeiro, perante a contemplação da imponente imagem do Cristo Redentor do Corcovado, tem a inspiração de erigir, em Portugal – mais especificamente em frente a Lisboa – um Santuário dedicado ao Sagrado Coração de Jesus. Assim nasce, qual embrião, o Santuário de Cristo Rei”, disse ele.

Ainda em 1936, a ideia foi apresentada ao Congresso do Apostolado da Oração, que se comprometeu com a construção do monumento, “que viria a ser aprovado pelo Episcopado Português na Pastoral Coletiva da Quaresma de 1937”. Foi então constituído um Secretariado Nacional da Obra do Monumento a Cristo Rei.

“Em 1939, no início da Guerra, a ideia da construção do monumento ganha um novo sentido e vigor, até que, a 20 de abril de 1940, em Fátima, os bispos portugueses, no final do seu retiro anual, fazem o voto de erguer, em frente da capital, um monumento à realeza de Jesus Cristo: ‘Se Portugal fosse poupado da Guerra, erguer-se-ia sobre Lisboa um Monumento ao Sagrado Coração de Jesus, sinal visível de como Deus, através do Amor, deseja conquistar para Si toda a humanidade’”.

Em 1941 foi adquirido o terreno e “a primeira pedra é lançada a 18 de dezembro de 1949, no 50.º aniversário da consagração do género humano ao Coração de Jesus, determinada pelo Papa Leão XIII”.

“A 17 de maio de 1959 (Dia de Pentecostes), perante a imagem de Nossa Senhora de Fátima, com a participação de todo o episcopado português, os cardeais do Rio de Janeiro e de Lourenço Marques (Maputo), autoridades civis e cerca de 300 mil pessoas, inaugurou-se o monumento. O papa S. João XXIII fez-se presente por Radiomensagem. Na ocasião, o cardeal Cerejeira fez uma consideração eloquente: ‘Este será sempre um sinal de Gratidão Nacional pelo dom da Paz’”, recordou dom Aguiar.

Em 2009, por ocasião dos 50 anos do santuário de Cristo Rei, aconteceu a geminação entre o santuário português e o santuário do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro. O ato de geminação aconteceu em duas etapas.

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Segundo o site oficial do santuário de Cristo Rei, o documento foi assinado no santuário português, em 17 de maio de 2009 pelos reitores dos santuários, padre Sezinando Alberto (Cristo Rei) e padre Omar Raposo (Cristo Redentor), e pelos bispos das respectivas dioceses, dom Gilberto Canavarro dos Reis e dom Orani João Tempesta. Na ocasião foi oferecida uma imagem de Cristo Rei para ser colocada na capela do santuário do Cristo Redentor.

Em 12 de outubro do mesmo ano, aniversário do Cristo Redentor, houve a conclusão do processo de geminação no Rio de Janeiro. Como tinha acontecido em Almada, os reitores e bispos assinaram um documento e foi oferecida uma imagem do Cristo Redentor para ser colocada na capela do santuário de Cristo Rei.

A missão do santuário

O bispo de Setúbal disse que o santuário de Cristo Rei tem desenvolvido “mecanismos que lhe permitam corresponder cada vez mais e melhor à missão que lhe é própria”, que corresponde a: “ser lugar de manifestação e anúncio do amor salvador de Deus”; “ser centro de aprofundamento e difusão da espiritualidade do Sagrado Coração de Jesus”; “propor a escuta e o aprofundamento da Palavra de Deus, como caminho de conversão, de renovação batismal e de participação na vida da Igreja, concretamente através dos Sacramentos, sobretudo da Reconciliação e da Eucaristia, continuada na adoração eucarística”; “ser local de acolhimento e de evangelização, criando as estruturas e iniciativas mais adequadas à sua realização”; e “fomentar no coração de todos os que o visitam e com ele se identificam uma atitude de compromisso ativo em favor da justiça, da dignidade e do serviço evangélico, tendo em especial atenção os mais pobres e desprotegidos”.

Para o cardeal, a fim de “dar cumprimento à missão do Santuário de Cristo Rei, urge apostar nos melhores meios para um trabalho de evangelização diligente, pela caridade cristã e no cumprimento da missão a que somos chamados: ‘Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a toda a criatura’ (Mc 16,15)”.

“É o que nos pede o Papa Francisco neste próximo Jubileu: ‘que os Santuários sejam lugares sagrados de acolhimento e espaços privilegiados para gerar esperança’”, disse, ao citar a bula de proclamação do Jubileu Ordinário de 2025, Spes non confundit.

Número de visitantes

Em entrevista à Rádio Renascença, o reitor do santuário de Cristo Rei, padre Carlos Filipe da Silva, contou sobre o crescimento no número de visitantes ao santuário. “A partir de 2022 as presenças são cada vez mais expressivas, seja de nacionais, de portugueses, seja de estrangeiros”.

Segundo o reitor, em 2023 foram registradas 1,1 milhão de visitas. “E parece-nos que este ano os números até podem superar os do ano passado”, disse.

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O padre destacou o aumento é não só de visitantes que vão em busca do local turístico, com vista para Lisboa, mas também de peregrinações “com um sentido de fé”.

“Diariamente temos aqui peregrinações organizadas, sobretudo do oriente, que pedem celebração da Eucaristia, a visita aos locais mais importantes do Santuário, a visita às relíquias e à Capela da Adoração, uma vez que desde fevereiro temos a Adoração continuada da Eucaristia, a chamada Adoração Perpétua”, disse à Rádio Renascença.