Cardeal Fernández discute bênçãos a uniões homossexuais com patriarca ortodoxo copta

24 de mai de 2024 às 16:30

O cardeal Víctor Manuel Fernández, prefeito do Dicastério para a Doutrina da Fé, reuniu-se com o líder da Igreja Ortodoxa Copta para discutir a divergência causada pela declaração Fiducia supplicans que permite bênçãos a uniões homossexuais.

Em março, menos de três meses depois da publicação de Fiducia Supplicans, a Igreja Ortodoxa Copta suspendeu o diálogo com a Igreja Católica. Numa reunião com o papa copta Tawadros II de Alexandria na quarta-feira (22), Fernández tentou aliviar algumas dessas tensões.

Segundo o Vatican News, serviço de informação da Santa Sé, Fernández disse a Tawadros durante a reunião que a Igreja Católica continua a opor-se às bênçãos matrimoniais a uniões homossexuais e enfatizou que as bênçãos não litúrgicas a uniões homossexuais não podem ser realizadas de uma forma que confunda a bênção com o casamento.

O cardeal disse ainda que a Santa Sé concorda com a declaração da Igreja Ortodoxa Copta de 7 de março de manter a “firme posição de rejeitar todas as formas de relações homossexuais, porque violam a Bíblia Sagrada e a lei pela qual Deus criou o homem como homem e mulher” e acrescentou que “a Igreja [copta] considera qualquer bênção de tais relações, seja qual for o seu tipo, uma bênção para o pecado, e isso é inaceitável”.

Segundo o Vatican News, Fernández citou um esclarecimento publicado pelo dicastério para a Doutrina da Fé no início de janeiro, que dizia que a declaração não altera a doutrina da Igreja sobre o casamento ou a sexualidade. Disse ainda a Tawadros que as bênçãos não são concedidas à união em si e que devem ser espontâneas e breves, sem qualquer rito ou vestes litúrgicas.

Segundo o artigo, o cardeal acrescentou que essas bênçãos pastorais não-litúrgicas estão disponíveis para todas as pessoas, independentemente da condição da pessoa, e não conferem “graça santificante”, mas fornecem “graças reais” que empurram os pecadores para a conversão e maturação.

Segundo um comunicado à imprensa divulgado pela Igreja Copta, Tawadros disse a Fernández que existe um caminho de amor entre as duas igrejas e a importância do diálogo.

O papa Francisco reuniu-se com Tawadros em maio de 2023 para marcar o aniversário de 50 anos do restabelecimento das relações entre a Igreja Católica e a Igreja Ortodoxa Copta. No entanto, desde março, o diálogo ecumênico formal está suspenso.

Em maio de 2023, Francisco também acrescentou 21 mártires coptas que foram mortos pelo grupo terrorista Estado Islâmico (ISIS) ao Martirológio Romano.

A Igreja Copta é Ortodoxa Oriental. A divisão entre a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas Orientais ocorreu por volta de 400 d.C., depois do concílio de Calcedônia, por discordância sobre a natureza de Cristo.

A declaração da Santa Sé sobre bênçãos não litúrgicas a uniões homossexuais também gerou controvérsia dentro da Igreja Católica. Embora alguns bispos tenham aprovado a declaração, vários bispos manifestaram preocupações com o documento, particularmente na África, onde as bênçãos a uniões homossexuais foram proibidas.