O papa Francisco falou de três características que considera fundamentais na “missão divina” da Igreja: comunhão, criatividade e tenacidade. O papa falava aos participantes da assembleia geral das Pontifícias Obras Missionárias (POM) no último sábado (25).

1. Comunhão

Em discurso no Palácio Apostólico, no Vaticano, o papa falou sobre a Solenidade da Santíssima Trindade, celebrada ontem (26).

“Quando contemplamos a Trindade, vemos que Deus é comunhão de pessoas, é mistério de amor”, disse o papa. “É o amor com que Deus vem procurar-nos e salvar-nos, enraizado no seu ser. Uno e Trino, e é também nisso que se baseia a natureza missionária da Igreja peregrina na terra”.

Para o papa Francisco, “a missão cristã não é transmitir alguma verdade abstrata ou qualquer convicção religiosa, mas, primariamente, permitir que, as pessoas que encontramos, possam fazer a experiência fundamental do amor de Deus".

“Com efeito, se formos testemunhas luminosas que refletem um raio do mistério trinitário, poderão descobrir o amor de Deus na nossa vida e na vida da Igreja”, disse o papa.

O papa falou depois sobre a importância do processo de renovação dos estatutos das POM, no âmbito do “caminho sinodal da Igreja hoje” e ao ressaltar a importância de “caminhar juntos”.

2. Criatividade

“A criatividade está ligada à própria liberdade de Deus, que ele nos dá em Cristo e no Espírito”, disse o papa. “Não devemos nos permitir sufocar a liberdade criativa missionária!”

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O papa então citou uma frase de são Maximiliano Kolbe, missionário franciscano no Japão morto num campo de concentração nazista: “só o amor cria”.

“Recordemo-nos que a criatividade evangélica nasce do amor divino, e que cada atividade missionária é criadora na medida em que a caridade de Cristo constitui a sua origem, a sua forma e o seu fim”.

“Assim, com imaginação inesgotável, tal caridade inspira novos modos de evangelizar e de servir os outros, especialmente os mais pobres, e inclui as arrecadações habituais destinadas aos fundos universais de solidariedade com as missões”, continuou Francisco.

3. Tenacidade

“Tenacidade, isto é, firmeza e perseverança no propósito e na ação. Contemplemos também esta característica do amor do Deus Uno e Trino que, para cumprir o seu desígnio de salvação, com fidelidade constante enviou os seus servos ao longo da história e, na plenitude dos tempos, se entregou em Cristo Jesus”.

O papa sublinhou que a “missão divina” deve ser um “caminho incansável” que pode chegar “até ao martírio”.

Francisco falou de um grupo de católicos mortos no Congo por se recusarem a se converter ao islã, e os 21 cristãos massacrados na Líbia em 2015, repetindo “Jesus, Jesus, Jesus” cuja primeira celebração do martírio ocorreu em janeiro.

“Somos, portanto, também chamados a ser perseverantes e tenazes nos nossos propósitos e ações. E viver também esta dimensão do martírio com o nosso exemplo”, sublinhou o papa.

Ao concluir seu discurso, o papa Francisco encorajou a não desanimar e a ajudar os irmãos que caem, estendendo a mão a eles com paciência: “isso também pode acontecer comigo”.