De 31 de maio a 2 de junho acontece o 5º Congresso Eucarístico de Portugal, em Braga. O evento celebrará os cem anos do primeiro congresso eucarístico do país, que aconteceu em 1924 na cidade. Naquele ano, milhares de pessoas participaram do congresso, entre elas algumas que hoje estão com processo de canonização em andamento.

A beata Alexandrina Costa, o venerável frei Bernardo de Vasconcelos, o venerável dom João de Oliveira Matos, o servo de Deus dom Manuel Mendes da Conceição Santos, o servo de Deus padre Abílio Correia e a irmã Alzira Sobrinho, cuja congregação está recolhendo testemunhos para abertura do processo de beatificação, serão recordados no congresso deste ano, no Painel “Eucaristia e Santidade”.

Conheça cada um desses possíveis futuros santos portugueses:

Beata Alexandrina Maria da Costa

Nasceu em 30 de março de 1904, em Balasar, Póvoa do Varzim, arquidiocese de Braga. Em um Sábado Santo de 1918, quando tinha 14 anos, Alexandrina estava com sua irmã e outra moça aprendiz em uma sala costurando. Elas perceberam que três homens tentavam entrar na sala, que estava fechada. Eles forçaram a porta e conseguiram entrar. Para salvar sua pureza, Alexandrina se jogou pela janela, de uma altura de quatro metros. Como consequência, aos poucos foi ficando paralisada, até que em 14 de abril de 1925, ficou definitivamente de cama.

Segundo a biografia da beata, ela pediu sua cura a Deus, por intercessão de Nossa Senhora, até 1928. Depois, “compreendeu que sua vocação era o sofrimento”. Assim, “iniciou uma vida de grande união com Cristo nos Tabernáculos, por meio de Nossa Senhora”.

Entre 3 de outubro de 1938 e 24 de março de 1942, “viveu, em todas as sextas-feiras, os sofrimentos da Paixão”. O programa que o Senhor lhe indicou foi “amar, sofrer, reparar”.

A partir de 27 de março de 1942, Alexandrina parou de se alimentar e passou a viver exclusivamente da Eucaristia.

Em 7 de janeiro de 1955, foi-lhe prenunciado que morreria naquele ano. Foi o que aconteceu, no dia 13 de outubro, aniversário da última aparição de Nossa Senhora de Fátima. Alexandrina foi beatificada pelo papa são João Paulo II em 25 de abril de 2004.

Venerável frei Bernardo de Vasconcelos

Venerável frei Bernardo de Vasconcelos. Facebook Venerável Servo de Deus Frei Bernardo de Vasconcelos
Venerável frei Bernardo de Vasconcelos. Facebook Venerável Servo de Deus Frei Bernardo de Vasconcelos

Nasceu em 7 de julho de 1902, no Concelho de Celourico de Basto, no distrito de Braga.

Em 1924, participou do primeiro Congresso Eucarístico Nacional em Braga, onde falou da “centralidade da Eucaristia na vida da Igreja” na sua conferência “Eucaristia e Ideal Cristão”.

Em agosto daquele ano, entrou para o mosteiro beneditino de Singeverga e, no mês seguinte, seguiu para a Espanha para dar continuidade aos estudos para o sacerdócio. Recebeu o hábito beneditino em 24 de setembro de 1924, na Abadia de Samos, e adotou o nome de frei Bernardo da Anunciada. No ano seguinte, em 29 de setembro, no mosteiro beneditino de Samos, fez a profissão de votos simples como monge do mosteiro de Singeverga.

Em 1926, foi estudar Teologia na abadia de Mont-César, em Lovaina, Bélgica. Mas, foi diagnosticado com a doença de Pott, conhecida como tuberculose vertebral. Em novembro teve que retornar para Portugal.

Segundo a arquidiocese de Braga, nesse momento começou seu “calvário de seis anos, enquanto prosseguiu os estudos em Teologia no Porto, uma vez que a sua grande aspiração era o sacerdócio”. Mas, “quando já estava admitido a Ordens Maiores, a doença impediu-o de atingir essa meta. Ficou então subdiaconado”.

Morreu em S. João da Foz do Douro, em 4 de julho de 1932, três dias antes de completar 30 anos. Em 4 de julho de 1983 foi aberta a fase diocesana do processo de beatificação de frei Bernardo de Vasconcelos, encerrada quatro anos depois. Em 14 de junho de 2016, o papa Francisco aprovou o decreto que reconhece as virtudes heroicas do frei, declarando-o oficialmente venerável.

Venerável dom João de Oliveira Matos

Venerável dom João de Oliveira Matos. Diocese da Guarda
Venerável dom João de Oliveira Matos. Diocese da Guarda

Dom João de Oliveira Matos foi bispo auxiliar da Guarda e fundador da Liga dos Servos de Deus, uma associação pública de fiéis que têm como deveres a procura da perfeição espiritual, da reparação e desagravo, da oração pela Igreja e da dedicação ao apostolado.

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Nasceu em 1 de março de 1879, em Valverde, concelho do Fundão, Guarda. Aos 17 anos, entrou para o seminário da Guarda. Foi ordenado padre em julho de 1899.

Atuou como secretário do arcebispo de Braga durante cinco anos e depois voltou para Guarda, onde o bispo dom José Matoso lhe confiou as funções de visitador diocesano, que iniciou em meados do ano de 1920,

O atual bispo da Guarda, dom Manuel Felício, conta em artigo publicado em fevereiro deste ano que, “passados três anos”, João de Oliveira Matos “já tinha visitado 300 paróquias, sempre com programa muito exigente, que realmente deixava as pessoas com marcas profundas do evangelho e muito transformadas, operando-se mesmo muitas e verdadeiras conversões”.

Foi nomeado bispo auxiliar da Guarda e recebeu a ordenação episcopal em 25 de julho de 1923. No ano seguinte, foi responsável pelo discurso de encerramento do primeiro congresso eucarístico de Portugal.

Também em 1924, fundou a Liga dos Servos de Jesus, que atualmente está presente em diferentes locais da diocese da Guarda e do país e também em Angola.

Morreu aos 83 anos, em 29 de agosto de 1962. Seu processo de beatificação foi iniciado em 1993. O papa Francisco aprovou o decreto de suas virtudes heroicas em junho de 2013.

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Servo de Deus dom Manuel Mendes da Conceição Santos

Servo de Deus dom Manuel Mendes da Conceição Santos. Agência Ecclesia
Servo de Deus dom Manuel Mendes da Conceição Santos. Agência Ecclesia

Nasceu em 13 de dezembro de 1876, em Torres Novas. Entrou para o seminário de Santarém em 2 de agosto de 1890. Cinco anos depois, foi enviado a Roma, para estudar Teologia e Línguas Clássicas. Em 1898, voltou para Portugal e foi nomeado prefeito e professor do seminário de Santarém. Foi ordenado padre em 27 de maio de 1899. Em 1905, foi para a diocese da Guarda, onde atuou como vice-reitor do seminário.

Foi nomeado bispo de Portalegre em 1916. E recebeu a ordenação episcopal em 3 de março daquele ano. Atuou na organização da diocese, formação do clero, ação sócio-caritativa. Entre as várias ações está a fundação do Apostolado da Oração, de um Boletim da Diocese de Portalegre, restabelecimento das Confrarias de São Vicente de Paulo.

Em 4 de junho de 1920, foi nomeado bispo-coadjutor do arcebispo de Évora dom Augusto Eduardo Nunes, que morreu em 24 de julho daquele ano. Dom Manuel Mendes, então, assumiu como arcebispo de Évora em 11 de fevereiro de 1921.

Atou em prol das vocações, reestruturou o seminário, fundou a Gráfica Eborense e o Jornal “A Defesa”, atraiu congregações religiosas para a arquidiocese. Em 1945, fundou a congregação das Servas da Santa Igreja, com a missão de colaborar na dinamização de comunidades paroquiais, algumas sem pároco.

Morreu em Évora, em 30 de Março de 1955. Sua causa de canonização foi introduzida em 11 de fevereiro de 1972.

Servo de Deus padre Abílio Correia

Servo de Deus padre Abílio Correia. Arquidiocese de Braga
Servo de Deus padre Abílio Correia. Arquidiocese de Braga

Conhecido como “apóstolo da Eucaristia”, o padre Abílio Gomes Correia “foi o promotor de congressos eucarísticos realizados em Braga (28 a 31 de Maio de 1923), na Póvoa de Varzim (1925), Guimarães (1927) e Viana do Castelo (1929), devendo-se-lhe também o I Congresso Eucarístico Nacional, que teve lugar em Braga de 2 a 7 de julho de 1924”, diz sua biografia publicada no site da arquidiocese de Braga.

Nasceu em 9 de fevereiro de 1882, na freguesia de Santo Adrião de Padim da Graça, arciprestado e diocese de Braga.  Entrou para o seminário aos 11 anos e foi ordenado padre em 24 de setembro de 1904. Foi coadjutor do pároco de sua freguesia natal até 1907, quando foi nomeado pároco de são Mamede de Este, onde permaneceu até 1967, sendo que de 1930 a 1938, atuou como capelão do Hospital S. Marcos.

“Iniciou a renovação eucarística em Portugal e foi um grande adorador do Santíssimo Sacramento”, diz o site da arquidiocese de Braga. Durante 60 anos, fez momentos de adoração de madrugada, das 22h às 1h e das 4h até a hora da missa de manhã, dormindo apenas no intervalo entre esses dois horários. Nos três dias de Carnaval, passava a noite toda em adoração de desagravo.

Introduziu na arquidiocese a Associação da Agregação e Adoração ao Santíssimo Sacramento, a fim de recrutar fiéis para se associarem à adoração feita pelos religiosos do Santíssimo Sacramento. Criou os Pagens do Santíssimo Sacramento, para crianças, a Associação da Visita Diária ao Santíssimo Sacramento, a Associação da Adoração Noturna ao Santíssimo Sacramento. Criou em 1914 a revista “Mensageiro Eucarístico”, a primeira revista eucarística publicada em Portugal. Foi seu diretor e quase que redator exclusivo por 48 anos.

Construiu o monumento ao Coração Eucarístico de Jesus, no monte Chamor. A estátua do Sagrado Coração de Jesus segura ao alto na mão direita o cálice e uma hóstia, e a mão esquerda aponta para o coração.

Morreu em 29 de junho de 1967. Em 24 de setembro de 1997, teve início sua causa de canonização, cuja fase diocesana foi concluída em 9 de fevereiro de 2002.

Alzira da Conceição Sobrinho, a irmã Maria de São João Evangelista

Alzira da Conceição Sobrinho. Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado
Alzira da Conceição Sobrinho. Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado

Alzira da Conceição Sobrinho foi cofundadora das Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado. Nasceu em 4 abril de 1888, na aldeia de Pereira, concelho de Mirandela, distrito de Bragança..

Em 1916, conta o site de sua congregação, Alzira disse ter “recebido do Senhor a inspiração para que seja fundada uma nova ordem ou instituição à qual lhe darão o nome de ‘Vítimas Consagradas ao Amor do Santíssimo Sacramento’”.

Alzira também viveu fatos extraordinários. Ela dizia receber, sem participação humana, partículas consagradas provenientes do sacrário da aldeia. Para apurar a veracidade, seu diretor espiritual, os párocos e outras pessoas “fizeram várias provas”. O “sacrário e o vaso no seu interior foram lacrados, confirmando-se, por diversas vezes, que as partículas que Alzira recebera faltavam no vaso, estando o lacre intacto”.

“Segundo ela, Jesus insistia que deviam autorizar a que ela e várias pessoas, que seriam os primeiros membros da Congregação a fundar, andassem com uma partícula consagrada num relicário, para contínua adoração”.

Em 1928, fundou com sua amiga Maria Augusta Martins, uma casa de acolhimento para crianças pobres, chamada Asilo das Florinhas do Sacrário. Com o tempo, foram surgindo outras mulheres que queriam viver a mesma espiritualidade eucarística e colaborar na obra social.

Em 1941, o bispo de Bragança-Miranda, dom Abílio Augusto das Neves, deu impulso para a fundação da nova Pia União. Em 15 de agosto de 1950, foi ereto canonicamente o Instituto de Direito Diocesano, denominado Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado, confirmado como Instituto de Direito Pontifício em 1 de novembro de 1991.

Alzira Sobrinho fez a sua primeira profissão a 15 de agosto de 1948, adotando o nome de Maria de São João Evangelista. Fez a profissão perpétua a 15 de agosto de 1951.

Morreu em 10 de junho de 1982, na festa de Corpus Christi.

Em novembro do ano passado, a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP), reunida em assembleia plenária, deu parecer favorável à abertura do processo de beatificação da irmã Maria de São João Evangelista. A congregação das Servas Franciscanas Reparadoras de Jesus Sacramentado está recolhendo testemunhos para abertura do processo.