5 de jun de 2024 às 13:28
Uma mulher de 29 anos, fisicamente saudável, foi autorizada a dar fim à sua vida através de suicídio assistido por médico na Holanda, ao alegar depressão, o que provocou um novo debate sobre a santidade da vida e a legislação.
Zoraya ter Beek morreu por eutanásia em 22 de maio. Apesar de estar fisicamente saudável, a mulher da cidade de Oldenzaal, perto da fronteira com a Alemanha, optou pela morte devido a problemas de saúde mental.
“As pessoas pensam que quando se está mentalmente doente, você não consegue pensar direito, o que é um insulto”, disse ter Beek ao jornal britânico The Guardian.
Diagnosticada com depressão, ansiedade, trauma e outros problemas, ela foi aprovada para morrer por suicídio assistido por “sofrimento insuportável sem perspectiva de melhora”, segundo o código oficial de eutanásia holandês.
O caso reacendeu um debate controverso nos países ocidentais. Atualmente, a França está debatendo a legalização da eutanásia e do suicídio assistido, com o presidente francês Emmanuel Macron pressionando por novas leis.
A Igreja Católica tem sido consistentemente franca em sua oposição à eutanásia.
O arcebispo de Utrecht, o cardeal Willem Eijk, comentou anteriormente sobre as implicações da ampliação dos critérios de eutanásia na Holanda. “O respeito pelo valor essencial da vida de um ser humano diminuiu cada vez mais no último meio século, o que era inevitável”, disse Eijk em entrevista à CNA em 2020.
“Pois, uma vez aceita a terminação da vida por certa medida de sofrimento, sempre seremos confrontados com a questão de saber se não deveria ser também permitido em sofrimento que é apenas um pouco menor”, disse o cardeal holandês, que fez medicina e é doutor em bioética e filosofia.
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Durante décadas, a Conferência Episcopal Holandesa enfatizou a santidade da vida e a obrigação moral de protegê-la. Em declaração publicada em outubro de 1999, a conferência episcopal argumentou que a eutanásia mina o princípio fundamental de que a vida humana deve ser protegida e valorizada. A conferência episcopal destacou que não existe “direito” à eutanásia e que as isenções legais a médicos que fazem eutanásia contradizem o princípio da proteção da vida humana.
Eijk também tem falado abertamente sobre as implicações sociais mais amplas da eutanásia. “Isso pressiona os profissionais médicos para que participem da eutanásia como parte de suas responsabilidades normais e mina a confiança entre médicos e pacientes”, disse o cardeal. “Além disso, pode criar um clima onde os doentes terminais se sentem obrigados a escolher a eutanásia para evitarem ser um fardo para as suas famílias”.
A doutrina da Igreja sobre a eutanásia é clara. “Quaisquer que sejam os motivos e os meios, a eutanásia direta consiste em pôr fim à vida de pessoas deficientes, doentes ou moribundas. É moralmente inaceitável. Assim, uma ação ou uma omissão que, de per si ou na intenção, cause a morte com o fim de suprimir o sofrimento, constitui um assassinato gravemente contrário à dignidade da pessoa humana e ao respeito do Deus vivo, seu Criador. O erro de juízo, em que se pode ter caído de boa fé, não muda a natureza do ato homicida, o qual deve sempre ser condenado e posto de parte”, diz o parágrafo 2.227 do Catecismo da Igreja Católica.
Apesar dessa forte oposição, a Holanda permite a eutanásia de crianças menores de 12 anos desde 2023.
Segundo o site de notícias DutchNews, em 2022, 8.720 pessoas na Holanda terminaram as suas vidas através da eutanásia, um aumento de 14% em relação ao ano anterior.
“Na Holanda, temos esta lei há mais de 20 anos. Existem regras muito rígidas e é muito seguro”, disse ter Beek em entrevista ao The Guardian ao resumir a perspectiva trágica que levou à sua morte.