A arquidiocese de Porto Alegre (RS) e a Cáritas arquidiocesana vão criar kits solidários com artigos de higiene, cozinha e móveis para as famílias e comunidades gaúchas que sofrem há mais de um mês com os estragos das enchentes causadas pelas fortes chuvas no Rio Grande do Sul. “A situação vai perdurar no tempo, sem dúvida nenhuma, nós teremos ainda não só semanas, mas meses difíceis pela frente”, disse o arcebispo de Porto Alegre, dom Jaime Spengler, presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Dos 497 municípios do Rio Grande do Sul, 476, cerca de 95%, foram afetados pelas inundações, segundo o boletim da Defesa Civil do Rio Grande do Sul emitido hoje (5), às 9h. Até o momento, os registros confirmaram 172 mortes, 806 pessoas feridas, 41 desaparecidas e mais de 572 mil desabrigadas. Também foram resgatadas mais de 77 mil pessoas e mais de 12 mil animais.

A arquidiocese e a Cáritas vão criar três tipos de kits, que serão distribuídos segundo a necessidade das famílias e comunidades. O primeiro será com itens de limpeza, como: lava-jato, botas, luvas, rodos e água sanitária. O segundo terá artigos de cozinha, como: panelas, talheres e outros utensílios. O terceiro será com alguns móveis, como: um pequeno guarda-roupa, colchão e possivelmente uma cama.

“Estamos tentando buscar fundos para subsidiar isso em favor da população. É um trabalho meticuloso, muito bem conduzido e que realmente merece todo nosso reconhecimento. É um trabalho sério e não faltam desafios”, disse dom Spengler.

Segundo ele, a arquidiocese de Porto Alegre tem recebido muitas doações de outras dioceses, paróquias e entidades, e estas são enviadas para a Cáritas que faz a distribuição.

“Eles recolhem habitualmente doações da cidade, como eletrodomésticos que as pessoas se desfazem e móveis. Ali eles possuem oficinas que tentam recuperar o que pode ser recuperado e depois é revendido por um preço módico, a quem busca esses eletrodomésticos e esses móveis. E as pessoas que trabalham nessas oficinas são aprendizes, liderados por um técnico”, contou o arcebispo.

Dom Jaime Spengler relatou que na madrugada de segunda-feira (3), voltou a chover forte e “alguns lugares foram sendo tomados novamente pelas águas, não tanto pelo volume de chuva, mas pelo vento sul que represa a Lagoa dos Patos e consequentemente o Guaíba”, que chegou à marca de 5,33 metros, no dia 6 de maio, mas hoje (5), o nível do lago está mais baixo e marcou 3,32 metros.

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Segundo o presidente da CNBB, com estas novas chuvas, “os bueiros começam a verter água para fora e vão invadindo ruas que já estavam secas”. Ele disse que “o processo de limpeza que estava” ou “que está sendo feito” é “uma tragédia”. “Estive hoje visitando e passando por algumas regiões, e as montanhas de lixo, de móveis, de tudo que nós podemos imaginar, é uma coisa impressionante. Por outro lado, o cheiro forte, o odor de podre de água parada, de esgoto, é uma coisa impressionante, chega a fazer mal”, disse.

Para o arcebispo de Porto Alegre, a maior preocupação hoje, é o surgimento de doenças, pois muitas vem “da contaminação que vem do contato com a água das enchentes”.

Como fazer doações às dioceses gaúchas?

O projeto AJUDA RS da Pastoral da Comunicação (PASCOM) do Rio Grande do Sul, junto com voluntários e apoiada pela campanha “É Tempo de Cuidar do RS” da CNBB, apresentou através de um vídeo, a melhor forma de fazer doações ao povo gaúcho que, mesmo depois de um mês das enchentes no Estado ainda sofre com as consequências das fortes chuvas e agora, com as temperaturas mais baixas. 

Segundo o AJUDA RS qualquer pessoa que quiser ajudar as dioceses ou entidades católicas do Rio Grande do Sul pode "acessar o site ajudars.com.br" e nele é possível "pesquisar locais pelo mapa", no qual o doador "gostaria de ajudar” e até fazer doações através  da chave PIX que estará disponibilizada no contato do local.  Caso a pessoa queira “validar alguma informação” do local que ela quer doar, é possível ver no site as redes sociais e o contato direto do local. A plataforma também oferece o cadastramento de locais que precisam de ajuda e ainda não estão no site, como o cadastro de voluntariado.

O site AJUDA RS lançará ainda neste mês uma nova versão da sua plataforma, que terá a criação de um painel de voluntários que queiram ajudar ativamente, nas várias necessidades de reconstrução do Rio Grande do Sul. Além disso, o site terá um marketplace para promover e apoiar empresas gaúchas que foram afetadas pelas enchentes e ajudar na recuperação econômica do Estado.