6 de jun de 2024 às 14:22
O papa Francisco falou sobre a importância de que os padres recebam formação permanente, ao receber hoje (6) no Vaticano os participantes da Assembleia Plenária do Dicastério para o Clero.
O papa lhes agradeceu pelo trabalho que fazem todos os dias, "muitas vezes em silêncio e escondidos, ao serviço dos ministros ordenados e dos seminários".
Particularmente, o papa quis aproveitar a ocasião para expressar a sua gratidão “aos sacerdotes e diáconos de todo o mundo”.
"Muitas vezes alertei contra os riscos do clericalismo e da mundanidade espiritual, mas sei bem que a grande maioria dos sacerdotes faz o possível com tanta generosidade e espírito de fé para o bem do povo santo de Deus, carregando o peso de muitos esforços e enfrentando desafios pastorais e espirituais que às vezes não são fáceis", disse Francisco.
O papa falou sobre três "áreas de atenção" que foram abordadas durante a assembleia plenária: a formação permanente dos padres, a promoção das vocações e o diaconato permanente.
A formação permanente dos padres
O papa destacou que a formação dos padres deve ser contínua e disse que "o sacerdote é também um discípulo seguindo o Senhor e, por isso, a sua formação deve ser um caminho permanente".
“Isso é ainda mais verdadeiro se considerarmos que hoje vivemos em um mundo marcado por rápidas mudanças, no qual novas questões e desafios complexos estão sempre surgindo para serem respondidos".
“Assim, não podemos nos iludir a pensar que a formação no seminário é suficiente para estabelecer uma base segura de uma vez por todas", disse o papa.
Francisco disse que os sacerdotes são chamados a "consolidar, fortalecer e desenvolver o que temos no seminário, num caminho que nos ajude a amadurecer na dimensão humana, a crescer espiritualmente, a encontrar as linguagens certas para a evangelização e a aprofundar o que precisamos para enfrentar adequadamente as novas questões do nosso tempo".
Francisco também reforçou que "o caminho não se faz sozinho" e lamentou os padres que não têm "a graça do acompanhamento, sem aquele sentimento de pertença que é como uma tábua de salvação no mar muitas vezes tempestuoso da vida pessoal e pastoral".
"Tecer uma sólida rede de relações fraternas é uma tarefa prioritária de formação permanente: o bispo, os sacerdotes entre si, as comunidades em relação aos seus pastores, os religiosos e religiosas, as associações, os movimentos: é indispensável que os padres se sintam em casa", disse o papa.
Francisco pediu que trabalhem de forma criativa "para que essa rede se fortaleça e ofereça apoio aos padres".
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O cuidado com as vocações
O papa Francisco se referiu a esta tarefa como "um dos grandes desafios para o povo de Deus".
"Em cada vez mais áreas do mundo, as vocações para o ministério sacerdotal e para a vida consagrada estão em declínio acentuado e, em alguns países, estão quase desaparecendo", disse o papa.
O papa também ressaltou que a vocação ao matrimônio está em crise, devido ao sentido de compromisso e missão que requer.
Francisco disse que nas últimas mensagens para o Dia Mundial de Oração pelas Vocações, ampliou “o olhar ao conjunto das vocações cristãs” e se dirigiu em particular “a essa vocação fundamental que é o discipulado, como consequência do batismo”.
"Não podemos nos resignar ao fato de que, para tantos jovens, a hipótese de uma oferta radical de vida desapareceu do horizonte", disse o papa.
Por isso, Francisco os convidou a "reativar esta realidade, de forma adequada ao nosso tempo, talvez trabalhando em rede com as Igrejas locais e identificando boas práticas para divulgá-las. É um trabalho importante", disse.
O diaconato permanente
O papa destacou que "ainda hoje são frequentemente levantadas questões sobre a identidade específica do diaconato permanente".
"Como sabem, o Relatório de Síntese da Primeira Sessão da Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, em outubro passado, recomendou uma avaliação da implementação do ministério diaconal após o Concílio Vaticano II", disse o papa.
O papa disse que o relatório "também pede que seja dada uma atenção mais determinada à diaconia da caridade e do serviço aos pobres entre as várias tarefas dos diáconos".
O papa Francisco disse que "acompanhar essas reflexões e desenvolvimentos é uma tarefa muito importante" do Dicastério para o Clero e, por isso, encorajou-os a trabalhar e a "mobilizar todas as forças necessárias".
"Trabalhai sempre para que o Povo de Deus tenha pastores segundo o coração de Cristo e cresça na alegria do discipulado", concluiu o papa.