10 de jun de 2024 às 09:21
O bispo auxiliar de Hertogenbosch, Holanda, dom Rob Mutsaerts, descreveu a declaração da Santa Sé Fiducia supplicans, que permite bênçãos não litúrgicas de uniões homosssexuais, como uma tentativa de “fazer as pazes com uma sociedade secular”.
"Paz às custas da moral e da verdade" é uma "paz impiedosa imaginável", advertiu dom Mutsaerts.
"Deus ama todos. Ele ama todos os pecadores, mas odeia seus pecados. Ele espera fervorosamente que você volte para ele, assim como ele esperava o retorno do filho pródigo. Ele não quer nada além de que você compartilhe seu amor", escreveu Mutsaerts no prefácio de um novo livro que critica a declaração.
Intitulado "Uma Brecha na Barragem: Fiducia Supplicans sucumbe à pressão do lobby homossexual", o livro foi escrito por José Antonio Ureta e Julio Loredo de Izcue.
Ambos os autores são filiados à associação Tradição, Família e Propriedade (TFP). Ureta, em particular, tem sido um crítico vocal do pontificado do papa Francisco nos últimos anos.
Dom Mutsaerts faz publicações diárias francas em seu blog, "Paarse Pepers" (Pimentões Roxos, em holandês), desde 2019. Publicações anteriores incluíram duras críticas ao Sínodo da Amazônia, à exortação apostólica do papa Francisco Amoris Laetitia, e à “cultura do cancelamento".
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Em seu prefácio, o bispo holandês acusou a Fiducia supplicans de não abordar "a dimensão moral da relação", em vez de estar mais "em sintonia com o zeitgeist (espírito do tempo) atual", que não reconhece que "a misericórdia existe porque o pecado existe".
"Todos são bem-vindos? Certamente. Mas não incondicionalmente. Deus faz exigências. Toda a Bíblia poderia ser resumida como um chamado ao arrependimento e uma promessa de perdão. Um não pode ser separado do outro. Todos são bem-vindos, mas nem todos aceitam o convite", escreveu Mutsaerts, de 66 anos.
Publicada pouco antes do Natal de 2023, Fiducia supplicans recebeu reações mistas e uma divisão profunda entre os bispos católicos em todo o mundo.
Embora os apoiadores tenham saudado o documento, os críticos do polêmico decreto levantaram diferentes preocupações, incluindo uma suposta falta de sinodalidade e até uma tentativa de "colonização cultural" na África.
Apesar de esclarecimentos do Dicastério para a Doutrina da Fé, o decreto também causou uma suspensão do diálogo da Igreja Ortodoxa Copta com a Santa Sé.
O papa Francisco respondeu publicamente a algumas questões levantadas sobre Fiducia supplicans.
Em um programa de entrevistas na TV italiana em 15 de janeiro, o papa destacou que "o Senhor abençoa todos" e que uma bênção é um convite a entrar em uma conversa "para ver qual é o caminho que o Senhor lhes propõe".
"O Senhor abençoa todos aqueles que são capazes de ser batizados, ou seja, todas as pessoas", disse Francisco.
"Às vezes, as decisões não são aceitas", disse o papa, de 87 anos, ao responder se “se sentiu sozinho” depois da resistência à Fiducia supplicans.
"Quando as decisões não são aceitas, é porque não são conhecidas", disse o papa.