A Santa Sé vai publicar amanhã (13) um documento de estudo sobre a primazia papal e o ecumenismo que conterá propostas "para um exercício renovado do ministério de unidade do bispo de Roma" reconhecido por todos os cristãos.

O documento, intitulado "O Bispo de Roma: Primazia e Sinodalidade no Diálogo Ecumênico e nas Respostas à Encíclica Ut Unum Sint", será publicado amanhã com a aprovação do papa Francisco.

O Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos da Santa Sé elaborou o documento de estudo para resumir o diálogo ecumênico sobre a questão da primazia papal e da sinodalidade nos últimos 30 anos.

Em particular, o documento inclui respostas de diferentes comunidades cristãs à encíclica de 1995 do papa são João Paulo II sobre a unidade dos cristãos, Ut Unum Sint  ("Que todos sejam um", em português).

Segundo a Sala de Imprensa da Santa Sé, o documento "é concluído com uma proposta do dicastério identificando as sugestões mais significativas apresentadas para um exercício renovado do ministério de unidade do bispo de Roma 'reconhecido por todos e por todas'".

A Ut Unum Sint diz que trabalhar pela causa da unidade dos cristãos “é um preciso compromisso do bispo de Roma enquanto sucessor do apóstolo Pedro”.

A encíclica reconhece que "a convicção da Igreja Católica de, na fidelidade à Tradição apostólica e à fé dos Padres, ter conservado, no ministério do bispo de Roma, o sinal visível e o garante da unidade, constitui uma dificuldade para a maior parte dos outros cristãos, cuja memória está marcada por certas recordações dolorosas".

“Todavia, é significativo e encorajador que a questão do primado do bispo de Roma se tenha tornado atualmente objeto de estudo, imediato ou em perspectiva, e igualmente significativo e encorajador é que uma tal questão esteja presente como tema essencial não apenas nos diálogos teológicos que a Igreja Católica mantém com as outras Igrejas e Comunidades eclesiais, mas também de um modo mais genérico no conjunto do movimento ecumênico”, diz outro trecho da encíclica.

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“Como bispo de Roma, sei bem — e confirmei-o na presente Carta encíclica — que a comunhão plena e visível de todas as Comunidades, nas quais em virtude da fidelidade de Deus habita o seu Espírito”, escreveu são João Paulo II.

“Estou convicto de ter a este propósito uma responsabilidade particular, sobretudo quando constato a aspiração ecuménica da maior parte das Comunidades cristãs, e quando ouço a solicitação que me é dirigida para encontrar uma forma de exercício do primado que, sem renunciar de modo algum ao que é essencial da sua missão, se abra a uma situação nova”, escreveu o papa em outro trecho da encíclica.

“É com o desejo de obedecer verdadeiramente à vontade de Cristo que eu me reconheço chamado, como Bispo de Roma, a exercer este ministério (...). O Espírito Santo nos dê a sua luz, e ilumine todos os pastores e os teólogos das nossas Igrejas, para que possamos procurar, evidentemente juntos, as formas mediante as quais este ministério possa realizar um serviço de amor, reconhecido por uns e por outros”, acrescentou são João Paulo II.

Notavelmente ausente da encíclica de 1995 está a palavra "sinodalidade", que parece ser uma das novidades no novo documento de estudo da Santa Sé.

A Santa Sé fará uma coletiva de imprensa amanhã com representantes anglicanos e armênios para discutir o novo documento de primazia papal.

O secretário-geral da Secretaria Geral do Sínodo, cardeal Mario Grech, se unirá ao prefeito do Dicastério para a Promoção da Unidade dos Cristãos, cardeal Kurt Koch, na apresentação do documento de estudo na coletiva de imprensa.

O diretor do Centro Anglicano em Roma e representante pessoal do arcebispo da Cantuária junto à Santa Sé, Ian Ernest, vai participar da coletiva de forma remota por videoconferência, assim como o representante da Igreja Apostólica Armênia junto à Santa Sé, Khajag Barsamian.