Cerca de três mil pessoas participaram simultaneamente da 17ª edição da Marcha Nacional pela Vida e da 1ª Marcha Distrital pela Vida, ontem (11), na Esplanada dos Ministérios, em Brasília (DF). A marcha foi uma realização do Movimento Brasil sem Aborto e teve a participação de vários grupos pró-vida católicos e de outras religiões do Distrito Federal e de outros Estados do Brasil, como Goiás, Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e Paraná.

Os defensores da vida iniciaram a caminhada em frente a Biblioteca Nacional de Brasília, na Esplanada dos Ministérios, por volta das 14h30, e seguiram até o Congresso Nacional, onde pediram que os deputados federais analisem o pedido de urgência do Projeto de Lei 1904/2024 e o aprovem. A proposta equipara o aborto depois de 22 semanas de gestação ao crime de homicídio simples, quando uma pessoa mata a outra, e também altera o código penal, proibindo o aborto em casos de estupro, quando há a “viabilidade fetal”, em uma gestação acima de 22 semanas. A pena pode variar de seis a 20 anos de reclusão.

Os grupos pró-vida também pediram que os parlamentares aprovem o Projeto de Lei 1.096/2024, que proíbe o procedimento de assistolia fetal em casos de aborto previstos em lei, e a urgência o Estatuto do Nascituro (PL 478/2007).

A Marcha foi conduzida inicialmente pela fundadora e presidente-executiva da Rede Nacional em Defesa da Vida e da Família - Rede Colaborativa Brasil, Zezé Luz. Durante o caminho, ela se dirigiu aos servidores públicos dos ministérios e disse aos que são a favor do aborto que “eles têm o direito de protestar e podem pensar o contrário” dos defensores da vida, “mas precisam respeitar a voz da grande maioria da população brasileira” que é pró-vida. “Deixemos que nasçam os trabalhadores do futuro. Protejamos as mulheres da sua indignidade”, pediu Zezé.

A presidente do Movimento Brasil sem Aborto, Lenise Garcia, disse na marcha que “os que querem o aborto sabem perfeitamente quem eles estão matando”. “Eles estão matando os seus filhos e nós não podemos admitir isso. Por isso, a importância desse PL 1904/2024, que está para ser colocado para urgência e para votação. Então, nós pedimos ao presidente da Câmara, Arthur Lira que efetivamente coloque isso em votação", enfatizou Garcia.

Ela também ressaltou que o Movimento Brasil sem Aborto, como os demais grupos pró-vida querem que “se impeça” a morte da “criança ainda no ventre da mãe”. Lenise ressaltou que a expressão “interrupção da gravidez” usada pelos defensores do aborto é um “eufemismo” e que, na verdade, quando se interrompe uma gravidez, “nasce uma criança viva e uma criança que muitas vezes sobrevive com as técnicas que nós temos hoje”. “Por isso, é preciso, para quem quer a morte dessa criança, matá-la ainda dentro do útero com a assistolia fetal, para que ela não nasça viva. Isso já é um infanticídio e é exatamente isso que nós queremos deixar muito claro”.

Manifestantes pró-vida na Esplanada dos Ministérios pedem a aprovação do PL 1.904/2024. Monasa Narjara
Manifestantes pró-vida na Esplanada dos Ministérios pedem a aprovação do PL 1.904/2024. Monasa Narjara

A catequista da paróquia Nossa Senhora da Providência, em Santa Maria (DF), Dalva Vidal, de 42 anos, estava na marcha pela vida e contou à ACI Digital que há anos participa da caminhada por achar “muito importante” a luta “pela vida” do nascituro. Ela contou que aos 22 anos, foi convencida por um médico a fazer uma laqueadura, pois tinha “anemia falciforme”, uma doença hereditária que é caracterizada pela alteração dos glóbulos vermelhos do sangue, tornando-os parecidos com uma foice, e que segundo o médico era grave e ele não aconselhava que ela tivesse mais filhos. Na época, ela tinha um filho, depois de um aborto espontâneo.

Dalva disse que este médico convenceu o seu esposo e sua mãe sobre a laqueadura e eles a “convenceram a fazer porque era o melhor” para ela. “No meu coração, eu não queria, mas fiz”, disse a catequista. Ela contou que fez um transplante de medula e foi curada. Depois disso voltou para a Igreja Católica, pois sentia “o amor de Deus” em sua vida.

“Eu voltei para a Igreja e percebi o tão grave pecado que eu tinha cometido. Então, assim, eu estou aqui nessa caminhada, porque acho muito importante estar lutando pela vida, porque eu não sei quantos filhos Deus me daria, porque eu cortei a ligação da vida e acho importante estar nessa caminhada, protegendo a vida e lutando para que o mal do aborto não aconteça no nosso país”, disse Dalva.

A enfermeira Eliane Carvalho, seu marido Celso Carvalho e seus cinco filhos também estiveram na Marcha pela Vida. A família participa da Comunidade dos Arautos do Evangelho, no Lago Sul (DF), e segundo Eliane, eles estão presentes em todas as marchas em defesa da vida dos bebês. Ela disse à ACI Digital que "essa marcha é importantíssima" para eles "como família, como cristãos, principalmente”.

A defesa da vida do nascituro "é um problema nosso sim”, disse. “Nós não podemos nos acomodar em casa e dizer: ‘está tudo certo, alguém vai por mim’. Não! Nós temos que nos movimentar, sair do nosso lugar, falar para a sociedade que nós não aceitamos o aborto no nosso país, que nós defendemos a vida”, disse e acrescentou: “Eu vejo minhas crianças e eu penso em quantas crianças foram impedidas de nascer. Então, é uma tristeza para nós enquanto um país cristão, permitir algo desse tipo”.

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O marido de Eliane, o engenheiro Celso Carvalho disse à ACI Digital que “nós como democracia não podemos aceitar que uma minoria, seja no Supremo Tribunal Federal, seja no Poder Executivo, seja nos ministérios queiram empurrar a goela abaixo o aborto no nosso povo”.

“Sabemos que existe uma pressão muito grande da ONU para que o aborto seja aprovado no Brasil, mas nosso país é cristão, é um povo consciente que não quer o aborto no país, independentemente se é fruto de estupro, se é feto com anencefalia, nós defendemos a vida desde a concepção até a sua morte natural. E vamos continuar assim até o dia que Deus nos permitir”, frisou Celso.

Zezé Luz, fundadora e presidente-executiva da Rede Nacional em Defesa da Vida e da Família conduziu as marchas. Monasa Narjara
Zezé Luz, fundadora e presidente-executiva da Rede Nacional em Defesa da Vida e da Família conduziu as marchas. Monasa Narjara

Missa antes das marchas em defesa da vida

Antes das marchas Nacional e Distrital pela Vida, foi celebrada às 12h15, na catedral de Brasília, uma missa pedindo a Deus que livre o Brasil do mal do aborto. O arcebispo de Brasília, cardeal Paulo Cezar Costa foi o celebrante e disse no início da celebração que “só Deus pode dar a vida. É dom de Deus” e “devemos preservar e jamais atentar contra a vida”.

Dom Paulo Cezar disse que todos que estavam naquela missa são “comprometidos com a vida desde a fecundação até a morte natural, percebendo que a vida é um dom de Deus. Percebendo que Deus é o Senhor da vida”.

“A vida traz este mistério maior. A vida não é simplesmente um elemento somado, um conjunto de células, a vida é muito mais, é dom de Deus. Porque a vida humana está na criação de Deus, na sacralidade. A vida não pode ser manipulada de qualquer forma, a vida humana não está sujeita e não pode ficar à mercê de leis, disso ou daquilo, a vida é sagrada. Há coisas que antecedem as leis e a vida humana é uma delas”.

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A deputada federal Simone Marquetto (MDB-SP), que é católica e pró-vida, estava presente na missa e disse à ACI Digital que “fica muito feliz” com esta mobilização pró-vida, pois “a marcha reúne o povo para mostrar a nossa fé” e demonstrar  “nossos valores” para que estes “sejam pautados cada vez mais no Brasil”.

“Não abrimos mão do que nós temos hoje. Nós não vamos aceitar que o Brasil aceite o aborto. Nós somos contra o aborto”, frisou a parlamentar.