13 de jun de 2024 às 14:48
“A música nos toca profundamente, pode mudar, pode transformar vidas. Assim como transformou a minha, pode transformar a de outras pessoas também”, disse a irmã Priscila Daniele da Silva, do Instituto das Irmãs Franciscanas de Nossa Senhora do Bom Conselho, que atualmente estuda regência de coro no Pontifício Instituto de Música Sacra em Roma, Itália, e participou do Encontro Internacional de Coros na semana passada no Vaticano.
A irmã Priscila nasceu na cidade de Canguaretama (RN). Quando jovem sentiu o chamado do Senhor para entregar a sua vida como religiosa. No convento, pela primeira vez teve a possibilidade de estudar música e descobriu a sua vocação de elevar suas orações a Deus através do canto.
Ela conta que assumiu a música como missão, fez licenciatura em música na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e depois teve a oportunidade de ir para Roma estudar regência de coro no Pontifício Instituto de Música Sacra.
“Aqui é a sede da música sacra. Aqui em Roma respira-se música, respira-se conhecimento. A Europa em si tem essa riqueza cultural da música”, disse a irmã.
Segundo religiosa, é necessário fazer a distinção entre o canto gregoriano, a música litúrgica e a música sacra.
“O canto gregoriano é o canto da Igreja. É a música do rito romano, da Igreja católica romana”, porque “evidencia a palavra de Deus”, disse a irmã Priscila Daniele.
Para ela, “a música é como se fosse uma serva da Palavra. Ela apenas está na base da Palavra para que a gente escute mais a Palavra do que a música em si”.
“E o canto gregoriano dá origem exatamente ao que hoje a gente compreende como música litúrgica, que é a música própria para a missa, que está dentro de toda a celebração eucarística”, disse a irmã.
“Ela pode ser um rito, como o próprio Ato Penitencial, o Glória, o Agnus Dei, que são ritos dentro da celebração; ou ela pode acompanhar o rito como o canto de entrada, o canto de comunhão. Nesses casos, a música não é rito, ela acompanha o rito, porque o rito é o recebimento da comunhão”, continuou.
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Já a música sacra “pode ser uma música que não é cantada na missa”, como por exemplo, os textos bíblicos musicados por grandes compositores.
A beleza da música, segundo a irmã, “é a capacidade de congregar, de unir, de nos colocar juntos em uma harmonia”.
“Eu creio que nesse momento de tantos conflitos, tantas guerras, quando a gente pensa na música e cantar juntos como um coral, significa que a gente pode sim ter esperança de que a gente pode estar juntos em paz. A música tem esse poder também de trazer esperança e paz ao mundo e a nosso Brasil”, concluiu.
O IV Encontro Internacional de Coros
O IV Encontro Internacional de Coros foi de 7 a 9 de junho, na Sala Paulo VI do Vaticano. Foi promovido pelo Coro da Diocese de Roma por ocasião dos 40 anos da sua fundação, e organizado pela Nova Opera. O Dicastério para a Cultura e a Educação e o Pontifício Instituto de Música Sacra patrocinaram o evento.
A irmã Priscila Daniele da Silva participou como estudante do Pontifício Instituto de Música Sacra junto com mais nove alunos. Ela teve a oportunidade de dar o seu testemunho diante dos 5 mil participantes do encontro na Sala Paulo VI.
Ela falou sobre a sua experiência como estudante e sobre a música litúrgica no Brasil, que é “uma música muito específica” e que foi construída “ao longo dos anos”. Depois, cantou um hino litúrgico em português.
Sobre a sua experiência, ela disse que foi “um grande Pentecostes estes momentos aqui no Vaticano, aqui em Roma. Uma experiência muito bela, bonita, principalmente pela oportunidade de conhecer outras culturas”, disse.
Os participantes do encontro tiveram uma audiência com o papa Francisco e no último dia puderam assistir a um concerto do Coro da Diocese de Roma junto com a Orquestra Ópera Roma.