13 de jun de 2024 às 15:52
Apenas um dia antes de uma reunião crucial do Caminho Sinodal Alemão, um grupo de leigos católicos anunciou que recorreu à Santa Sé na tentativa de evitar o que vê como o risco de um "grave escândalo" sobre a pressão por um conselho sinodal permanente para supervisionar a Igreja na Alemanha.
O comitê encarregado de transformar o caminho sinodal em um conselho permanente deve se reunir amanhã (14) e no sábado (15).
O grupo Neuer Anfang ("Novo Começo") disse hoje (13) ter escrito uma carta a Roma, que data de terça-feira (11), para determinar se a constituição de tal comitê "cumpre ou viola a ordem legal da Igreja".
O comunicado do grupo também alertou que, se as ações dos bispos forem consideradas violações do dever e a Igreja não reprovar ou impor consequências, isso poderia encorajar os crentes a ignorar as normas da Igreja. O grupo descreveu isso como o risco de um "grave escândalo" que poderia prejudicar permanentemente a fé dos crentes.
"É importante lembrar que a deplorável prática de encobrir abusos sexuais sempre envolveu desrespeito às normas aplicáveis do direito canônico", diz a nota.
"É uma contradição intrigante, até insuportável, quando aqueles que dizem querer tirar as conclusões necessárias deste escândalo agem de uma forma que vai além da legalidade e da legitimidade, infringindo a lei."
Principais tópicos da reunião em Mainz
O comitê sinodal, encarregado de transformar o caminho sinodal em um conselho sinodal oficial, deve se reunir amanhã (14) e sábado (15) em um hotel quatro estrelas em Mainz, cerca de 26 quilômetros a oeste de Frankfurt.
A agenda oficial compreende três temas-chave: "a sinodalidade como princípio estrutural da Igreja e os regulamentos do Conselho Sinodal"; "avaliação e acompanhamento da implementação das decisões do caminho sinodal"; e "desenvolvimento das iniciativas do caminho sinodal".
O encontro em Mainz vai seguir várias intervenções e encontros entre a Santa Sé e a Conferência Episcopal Alemã. Em março, ambos os lados anunciaram que trabalhariam juntos para resolver o controverso Caminho Sinodal Alemão.
Pouco depois, novos passos para um conselho permanente foram implementados. A CNA Deutsch, agência em alemão do grupo EWTN, informou que os estatutos de uma comissão sinodal foram aprovados em uma reunião dos 27 bispos diocesanos do país em abril.
Como Neuer Anfang anunciou hoje, essa aprovação foi questionada pelos advogados canônicos.
Em entrevista à revista católica Communio, publicada no mês passado, o presidente emérito de direito canônico em Würzburg, Heribert Hallermann, chamou a medida de "ilegal e inválida" e uma violação do "direito canônico e dos próprios estatutos da conferência episcopal".
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"As resoluções do caminho sinodal e da comissão sinodal têm menos efeito jurídico vinculativo do que a resolução de uma associação de criadores de coelhos", disse Hallermann.
"O fato de o próprio caminho sinodal ter violado continuamente seus próprios estatutos é outra questão", acrescentou.
Ainda antes, outro professor de direito canônico, Norbert Lüdecke, questionou a legitimidade do órgão em uma peça para Herder Korrespondenz.
Sem apoio de padres ou leigos
Os católicos alemães em geral não apoiam o polêmico projeto lançado em 2019.
Apesar de aplicar táticas de pressão para levar adiante o projeto multimilionário, o caminho sinodal não só não conseguiu convencer os padres alemães, mas também quatro leigas alemãs deixaram o caminho sinodal em novembro.
Fora da Alemanha, o papa Francisco, cardeais, teólogos e muitos bispos ao redor do mundo questionaram a premissa, a abordagem e as resoluções do evento.
Ao mesmo tempo, a maioria dos católicos alemães é indiferente ao processo custoso.
Segundo CNA Deutsch, uma pesquisa feita em setembro de 2020 mostrou que apenas 19% dos católicos concordavam com a afirmação de que o caminho sinodal lhes interessava. A grande maioria dos alemães respondeu negativamente.
Desde então, os participantes não apenas discutiram, mas também aprovaram uma série de resoluções, exigindo que a Igreja adotasse a ideologia de gênero, a ordenação de mulheres e outros objetivos controversos.
Os procedimentos e resoluções foram justificados com base no Estudo MHG, investigação sobre o abuso sexual clerical na Igreja Católica na Alemanha.
Segundo CNA Deutsch, pelo menos um respeitado especialista médico levantou preocupações sobre o estudo já em 2018.
Depois de um estudo sobre abusos sexuais entre protestantes na Alemanha ter sido divulgado em janeiro, o grupo Neuer Anfang colocou em dúvida a “narrativa persistente do caminho sinodal que atribui causas sistêmicas de abusos a fatores especificamente católicos”.