“Quando vocês conseguirem fazer com que sorrisos inteligentes brotem dos lábios de até mesmo um só espectador, vocês também fazem Deus sorrir", disse o papa Francisco a mais de 100 humoristas de todo o mundo, os quais recebeu hoje (14) no Vaticano.

Entre os participantes do encontro estavam os brasileiros Fábio Porchat, Cacau Protásio e a roteirista Cris Wersom. Também participaram os americanos Stephen Colbert, Jimmy Fallon, Chris Rock, Whoopi Goldberg e os mexicanos Chumel Torres e Florinda Meza (mulher do famoso Roberto Gómez Bolaños, o Chaves).

O jesuíta James Martin foi o único clérigo convidado para o encontro. Ele é ex-capelão do programa de televisão americano de sátira “The Colbert Report”. Também é o responsável pelo Outrech, recurso católico para pessoas com atração ao mesmo sexo. Já se envolveu em muitas polêmicas sobre o tema. Muitos bispos e cardeais o acusaram ao longo dos anos de rejeitar a doutrina da Igreja sobre a pecaminosidade dos atos homossexuais, mas ele insistiu que não rejeita a doutrina da Igreja.

“À sua maneira, vocês unem as pessoas”

Ao dar início ao discurso, o papa disse que os comediantes "têm e cultivam o dom de fazer as pessoas rirem”.

"Em meio a tantas notícias sombrias, imersos como estamos em tantas emergências sociais e também pessoais, vocês têm o poder de espalhar a serenidade e o sorriso”, disse o papa.

Francisco disse que os comediantes têm a “capacidade de falar com pessoas muito diferentes, de diferentes gerações e origens culturais" e que “à sua maneira, vocês unem as pessoas, porque o riso é contagioso”.

“É mais fácil rir juntos do que sozinhos: a alegria permite o compartilhamento e é o melhor antídoto contra o egoísmo e o individualismo. Rir também ajuda a quebrar as barreiras sociais, a criar conexões entre as pessoas. Ele nos permite expressar emoções e pensamentos, ajudando a construir uma cultura compartilhada e a criar espaços de liberdade”, disse o papa.

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"Seu talento é um dom precioso"

O papa agradeceu aos comediantes por ajudarem as pessoas a "superar as dificuldades e a lidar com o estresse diário" e “a encarar a vida com humor".

O papa disse que reza uma oração de são Tomás More todos os dias para que o Senhor lhe dê senso de humor e encorajou-os a fazê-lo também:  "Essa é uma graça que peço todos os dias, porque ela me faz encarar as coisas com o espírito certo".

O papa disse que os comediantes “também conseguem outro milagre: conseguem fazer sorrir mesmo quando lidam com problemas, pequenos e grandes fatos da história”, “sem espalhar alarme ou terror”, mas “narrando a realidade, de acordo com seu ponto de vista original”.

“O humorismo não ofende, não humilha, não prega as pessoas aos seus defeitos. Embora a comunicação hoje em dia muitas vezes gere contraposições, vocês sabem como unir realidades diferentes e, às vezes, até opostas. O riso do humorismo nunca é ‘contra’ alguém”, disse o papa.

"Também é possível rir de Deus? É claro que sim, e isso não é blasfêmia, podemos rir, assim como brincamos e fazemos piadas com as pessoas que amamos. A tradição sapiencial e literária hebraica é mestra nisso. Isso pode ser feito, sem ofender os sentimentos religiosos dos fiéis, especialmente dos pobres", disse Francisco.

“Continuem animando as pessoas, especialmente aquelas que têm mais dificuldade de encarar a vida com esperança”, disse o papa ao concluir.