14 de jun de 2024 às 10:33
O secretário-geral da Secretaria Geral do Sínodo da Sinodalidade, cardeal Mario Grech, alertou que "há o medo" de que os relatórios de estudo para o Sínodo da Sinodalidade não sejam levados “a sério ou que ideologias e lobbies de fiéis se aproveitem do caminho sinodal para impor a sua própria agenda".
O cardeal disse que esses relatórios "contam muitas vezes a experiência de pessoas que fizeram uma verdadeira conversão pessoal".
"Outros, porém, falam de pessoas que continuam a experimentar confusão, preocupação ou ansiedade", disse.
O cardeal reiterou que o Sínodo da Sinodalidade "não é sobre este ou aquele tema, mas sobre a sinodalidade, sobre como ser uma Igreja missionária em caminho. Todas as questões teológicas e propostas pastorais de mudança têm este objetivo".
"A assembleia será sobretudo um momento em que cada participante, situando-se num caminho iniciado em 2021 e trazendo a 'voz' do povo de Deus de onde provém, invocará a ajuda do Espírito Santo e a dos seus irmãos e irmãs para discernir a vontade de Deus para a sua Igreja, e não uma oportunidade para impor a sua própria visão da Igreja", acrescentou o cardeal.
O trabalho dos teólogos em Roma chegou ao fim
Segundo informações da Secretaria Geral do Sínodo divulgadas hoje (14), chegou ao fim o primeiro trabalho sobre o Instrumentum laboris 2 ou "instrumento de trabalho" para a segunda e última sessão do Sínodo da Sinodalidade por um grupo de teólogos.
Esse grupo de teólogos, composto por bispos, sacerdotes, consagrados e leigos, se reuniu em Roma desde 4 de junho para estudar os 107 relatórios das conferências episcopais e das Igrejas Orientais Católicas para o Sínodo da Sinodalidade.
Estudaram também as mais de 175 observações, provenientes de realidades internacionais, faculdades universitárias, associações de fiéis ou de comunidades e indivíduos.
Segundo o relator-geral da XVI Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, cardeal Jean-Claude Hollerich, "o santo povo de Deus pôs-se em movimento pela missão graças à experiência sinodal".
"Esta conhece respostas entusiásticas e criativas, mas também resistências e preocupações. A maior parte dos relatórios mostra, porém, a alegria do caminho feito, que deu nova vida a muitas comunidades locais e provocou também mudanças significativas no seu modo de viver e de ser Igreja", disse Hollerich.
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Os relatórios estudados são fruto do trabalho que as Igrejas locais realizaram com base no relatório de síntese da Primeira Sessão do Sínodo, que aconteceu em outubro do ano passado.
Entre os temas estudados estão "a formação para a sinodalidade, o funcionamento dos órgãos de participação, o papel das mulheres, os jovens, a atenção aos pobres, a inculturação, a transparência e a cultura da responsabilidade por parte de quem assume um ministério na Igreja".
Também estão incluídos outros temas como " a catequese e a iniciação cristã, a colaboração entre Igrejas, a figura do bispo, etc.".
Os próximos passos
O processo de elaboração do Instrumentum Laboris 2 vai continuar com outras etapas: primeiro, o conselho ordinário fará um primeiro discernimento do que foi redigido pelos teólogos.
Depois, serão feitas as fases de elaboração do documento propriamente dito e um sistema de verificação extensiva até que o conselho ordinário aprove o documento que será submetido ao papa para aprovação final.
O secretário especial do Sínodo da Sinodalidade, monsenhor Riccardo Battocchio, observou que o Instrumentum Laboris para a segunda sessão "será diferente do anterior".
"Se para a primeira sessão era importante evidenciar a amplitude dos temas a tratar, o documento de trabalho para a sessão de outubro pretende, pelo contrário, evidenciar alguns nós a desatar para responder à pergunta Como ser uma Igreja sinodal em missão", disse.
Para isso, será levado em conta o caminho percorrido até agora e serão propostos "argumentos teologicamente fundamentados, juntamente com algumas propostas concretas para ajudar ao discernimento confiado aos membros da assembleia", disse.
Os trabalhos, que decorreram na sede da Secretaria Geral do Sínodo, foram conduzidos pelos dois secretários especiais, dom monsenhor Battocchio e padre Giacomo Costa, e contaram com a presença dos cardeais Mario Grech e Jean-Claude Hollerich.