O padre Jesús Silva, da arquidiocese de Madri, Espanha, contou através de um vídeo publicado no seu canal no YouTube por que as cismáticas clarissas do mosteiro de Belorado, na Espanha, vivem numa "paranoia" segundo a sua própria tese segundo a qual os seus votos religiosos não seriam válidos.

Segundo uma breve análise feita pelo padre sobre o Manifesto Católico que as clarissas publicaram em 13 de maio, as freiras que são ameaçadas de excomunhão acusadas de cisma "estão num momento em que, segundo elas, tudo o que elas mesmas fizeram é inválido, porque como foram freiras sob o [Concílio] Vaticano II, não são freiras de verdade".

Elas defendem que teriam que repetir a recepção de todos os sacramentos recebidos com as fórmulas e rituais realizados depois do Concílio Vaticano II, e inclusive " têm que repetir os votos, porque segundo elas seus próprios votos são inválidos".

Segundo o padre madrileno, as clarissas "caíram nessa paranoia que elas próprias estão até agora fora da Igreja Católica e, finalmente, segundo elas, encontraram a verdade" sob a proteção do bispo excomungado Pablo de Rojas.

Padre refuta três pontos essenciais do manifesto cismático das freiras de Belorado

O padre Silva analisou três dos postulados do manifesto sedevacantista e cismático apoiado por dez das 16 freiras que compunham a comunidade clarissa de Belorado e Orduña. Uma delas deixou o convento por considerar que se tinha tornado uma "seita" e outras cinco, idosas, são consideradas não informadas da decisão.

O primeiro postulado é sobre a consideração da Igreja Católica como a única verdadeira; o segundo, sobre a dimensão sacrificial da eucaristia; e o terceiro sobre a modificação dos rituais de ordenação de sacerdotes e bispos.

Sobre a primeira questão, o padre Silva disse que a unidade "já se realiza na verdadeira Igreja Católica", o que não impede o trabalho "para que essa unidade se torne mais ampla", trabalhando para que "o resto das comunidades cristãs que não são católicas se juntem à Igreja Católica. Isso se chama ecumenismo".

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Por outro lado, o padre refutou que o Concílio Vaticano II negue, como sustentam as freiras cismáticas, o caráter sacrificial da Eucaristia.

"É verdade que a Igreja mudou, porque ela tem esse poder, as fórmulas, as formas, a linguagem dos livros litúrgicos para adaptá-los à mentalidade mais atual do presente. Mas a essência não mudou. A Igreja tem o poder de mudar isso, porque a Igreja foi instituída por Cristo para salvaguardar a fé e os sacramentos. E é claro que a dimensão sacrificial da Eucaristia é mantida, como pode ser visto perfeitamente nas orações eucarísticas que falam da Eucaristia como vítima da propiciação pelos pecados do mundo inteiro", disse o sacerdote.

Em terceiro lugar, o padre Silva disse que "a Igreja tem o poder de reformar os livros litúrgicos e de mudar os ritos de ordenação de sacerdotes, diáconos e bispos. E, portanto, essa reforma feita por João XXIII, por Paulo VI, pelo Concílio Vaticano II, é perfeitamente válida, pois não eram hereges, não incorriam em excomunhão".

Diante da confusão em matéria doutrinária

O sacerdote da arquidiocese de Madri disse que uma possível origem remota das posições cismáticas das Clarissas de Belorado pode ser encontrada no fato de "ter havido muitas questões doutrinais ultimamente, bastante confusas, que fizeram com que muitas pessoas dissessem: 'Ei, é preciso ser um pouco mais crítico às vezes em relação às coisas que são ditas ou como são ditas, porque podem não estar bem expressas e talvez as coisas devam ser matizadas’".

No entanto, disse que, "a partir daí, negar a unidade da Igreja e deixá-la, é muito forte".

O padre Silva aproveitou o vídeo para lembrar que "devemos rezar muito por elas para que reconsiderem" e reconheçam que "a verdadeira Igreja Católica é a de Cristo, que está em comunhão com o Santo Padre no Vaticano, que atualmente é o papa Francisco, e que o que mudou em sua estrutura e em seus documentos é perfeitamente lícito e perfeitamente válido".