Ao receber executivos de empresas e bancos no Vaticano no sábado (15), o papa Francisco propôs três desafios: “cuidar do meio ambiente, cuidar dos pobres e cuidar dos jovens”.

Francisco disse aos líderes empresariais que “as funções que são chamados a desempenhar são cada vez mais decisivas não apenas na vida econômica, mas também social e política”.

“As grandes empresas são participantes da dinâmica das relações internacionais. Portanto, vocês se veem tomando decisões que têm um impacto sobre milhares e milhares de trabalhadores e investidores, e cada vez mais em escala global”, disse, alertando que “o poder econômico está entrelaçado com o poder político”.

“As grandes corporações, de fato, além das escolhas de consumo, poupança e produção, também condicionam o destino dos governos, as políticas públicas nacionais e internacionais e a sustentabilidade do desenvolvimento”, disse.

O papa pediu que os CEOs olhem “de forma crítica, com discernimento” para a realidade em que se encontram, “para que possam exercer plenamente a responsabilidade pelos efeitos, diretos e indiretos, de suas escolhas”.

A inovação empresarial atual deve ser a do “cuidado da nossa casa comum”

O papa Francisco exortou os líderes empresariais a “colocar o ambiente e a terra no centro da sua atenção e responsabilidade”, porque “estamos em uma época de grave crise ambiental, que depende de muitos atores e fatores, incluindo as escolhas econômicas e comerciais de ontem e de hoje".

“Não é mais suficiente cumprir as leis dos Estados, que são muito lentas: é preciso inovar, antecipando o futuro, com escolhas corajosas e de longo alcance que possam ser imitadas”, disse.

“A inovação do empreendedor de hoje deve ser, primeiramente, inovação no cuidado com a casa comum”, continuou.

“Não descartar as pessoas”

Receba as principais de ACI Digital por WhatsApp e Telegram

Está cada vez mais difícil ver notícias católicas nas redes sociais. Inscreva-se hoje mesmo em nossos canais gratuitos:

O papa falou sobre a importância de não esquecer “dos mais pobres e dos descartados”.

“A ‘economia circular’ tornou-se uma palavra-chave, exigindo a reutilização e a reciclagem de resíduos. Mas, embora reciclemos materiais e resíduos materiais, ainda não aprendemos - permitam-me a expressão - a ‘reciclar’ e não descartar as pessoas, trabalhadores, especialmente os mais frágeis, para os quais a cultura do descarte geralmente prevalece”, disse.

Francisco falou de “uma certa 'meritocracia' que é usada para legitimar a exclusão dos pobres, julgados como deméritos, a ponto de considerar a própria pobreza como uma culpa. E não se contentem com um pouco de filantropia, pois isso é muito pouco: o desafio é incluir os pobres nas empresas, fazer com que eles se tornem recursos para o benefício comum”.

“Isso é possível”, disse, acrescentando que sonha “com um mundo em que os descartados possam se tornar protagonistas da mudança - mas parece-me que um certo Jesus já conseguiu isso, não acham?”.

Uma “hospitalidade corporativa” com os jovens

O papa lamentou que “os jovens geralmente estão entre os pobres de nosso tempo: pobres em recursos, oportunidades e futuro”.

“Nenhum trabalho pode ser aprendido sem a ‘hospitalidade corporativa’, o que significa acolher generosamente os jovens, mesmo que eles não tenham a experiência e as habilidades necessárias, porque todo trabalho só pode ser aprendido com o trabalho”, disse.

“Encorajo-vos a serem generosos, a receberem os jovens em suas empresas, dando-lhes uma visão de futuro, para que toda uma geração não perca a esperança”, pediu o papa.

No final da sua mensagem, Francisco pediu a Deus que ajude os CEOs a usar a responsabilidade que têm e a “fazer escolhas corajosas, em benefício do meio ambiente, dos pobres e dos jovens”.

“Esse será o investimento, também econômico, mais frutífero”, disse.

Mais em