O papa Francisco teve na semana passada uma audiência com o presidente do movimento eclesial Comunhão e Libertação (CL) e teria dito ao líder para não olhar para o próprio umbigo, mas partilhar o seu movimento com toda a Igreja.

Comunhão e Libertação é um movimento eclesial fundado na década de 1950 pelo padre italiano dom Luigi Giussani, teólogo e intelectual público. O movimento recebeu o reconhecimento pontifício em 1982 e hoje está presente em 90 países em todo o mundo, com os seus membros, clérigos e leigos, centrando-se principalmente na comunidade, na cultura, na educação católica e na formação da fé. Seus membros se reúnem semanalmente em pequenos grupos de discussão que chamam de “Escola de Comunidade”.

O papa recebeu o presidente do CL, Davide Prosperi, e o padre Andrea D’Auria, diretor do Centro Internacional do CL, numa audiência no sábado (15).

Segundo uma carta escrita por Prosperi para todo o movimento, o papa falou na audiência da “necessidade de uma partilha do carisma e da corresponsabilidade na condução do Movimento”. Francisco também disse, segundo a carta, que “cada carisma deve conceber-se ao serviço de toda a Igreja, sem nunca se distanciar dela”.

Prosperi contou que durante a audiência o papa Francisco disse várias vezes: “Não olhem para o vosso umbigo, saiam, saiam! Toda a Igreja precisa disso”.

“Um movimento, recordou-nos o Santo Padre, deve permanecer fiel ao seu carisma, comunicando-se com criatividade em todos os lugares do mundo onde está presente”, disse Prosperi.

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O papa Francisco já falou outras vezes com os representantes dos movimentos eclesiais que o desejo de poder e reconhecimento são tentações que dificultam o seu chamado para servir à Igreja, dizendo que é “traição” quando um líder “quer servir ao Senhor, mas também serve a outras coisas que não são o Senhor."

Nos últimos anos, CL tem enfrentado divergências entre alguns membros sobre a sua governança. A Santa Sé nomeou em setembro de 2021 um delegado especial para supervisionar a associação laical de consagrados do CL Memores Domini. Dois meses depois, o padre Julián Carrón anunciou sua renúncia ao cargo de presidente do CL e Prosperi o sucedeu.

O papa Francisco falou a milhares de membros de CL num evento de 2022 que marcou os 100 anos do nascimento de Giussani. Dom Giussani morreu em 2005 e sua causa de beatificação foi aberta em 2012.

“Os tempos de crise são tempos de recapitulação da sua extraordinária história de caridade, cultura e missão; são tempos de discernimento crítico do que limitou o potencial fecundo do carisma de dom Giussani”, disse o papa. “São tempos de renovação e de relançamento missionário à luz do atual momento eclesial, bem como das necessidades, sofrimentos e esperanças da humanidade contemporânea”.

Ele pediu que o movimento promova a unidade em meio à diversidade e que não perca tempo com “fofocas, desconfiança e oposição”.