25 de jun de 2024 às 16:06
O grupo que se autodenomina Padres da Caminhada publicou nota em que diz: “em consonância com os sentimentos da maioria do povo brasileiro, especialmente das nossas irmãs mulheres, reprovamos, repugnamos e nos opomos veementemente ao Projeto de Lei 1904/2024 que ora tramita no Congresso Nacional e que ficou popularmente conhecido como PL dos Estupradores”.
O projeto de lei citado adiciona cinco parágrafos aos artigos 124 a 128 do Código Penal Brasileiro, que trata dos casos em que o crime de aborto não é punível: no caso de criança gerada por estupro e no caso de perigo de vida para a mãe. O PL 1904 limita essa impunibilidade aos abortos realizados antes da 22ª semana, ou cinco meses e meio, de gravidez. Depois disso, o aborto equivale a homicídio.
Alegadamente “formado por quatrocentos e sessenta e um diáconos, padres e bispos da Igreja Católica Apostólica Romana” que permanecem anônimos, os Padres da Caminhada contradizem com sua publicação a declaração da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) que, em nota publicada no último dia 14 de junho, disse que “a Igreja Católica neste momento considera importante a aprovação do PL 1904/2024, mas continua no aguardo da tramitação de outros projetos de lei que garantam todos os direitos do nascituro e da gestante”.
“Diante do crime hediondo do estupro, que os agressores sejam identificados e que a legislação seja rigorosa e eficaz na punição”, escreve a CNBB. “É ilusão pensar que matar o bebê seja uma solução”.
A CNBB reafirmou “seu posicionamento de defesa e proteção da vida em todas as suas etapas, da concepção à morte natural” e “empenha-se na defesa das duas vidas, a da mãe e a do bebê”.
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Os Padres da Caminhada dizem em sua nota que o estupro “é plantar e fazer florescer no seio da vítima e de sua família por todo o sempre a semente do inimigo como ato de violência e vingança supremas”.
A frase é semelhante à fala do presidente Luiz Inácio Lula da Silva que, em entrevista ao jornal da rádio CBN, no dia 18 de junho, perguntou-se: “Que monstro vai sair do ventre” da menina que ficou grávida em função de um estupro.
Na nota que divulgaram, os Padres da Caminhada disseram que “obviamente”, não são a favor do aborto, mas que “criminalização das mulheres não diminui o número de abortos. Impede apenas que seja feito de maneira segura”.
Os Padres da Caminhada, se declaram “um coletivo, unidos por ideais comuns, sem qualquer pretensão de constituirmos uma instituição formal”. Nascido de um encontro de Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) em Canoas (RS), em novembro de 2019, o grupo diz que visa “reassumir o compromisso de manter viva e dinâmica a reflexão teológica, na perspectiva das Teologias da Libertação revisitadas e atualizadas, privilegiando o método indutivo na pastoral, ou seja, partindo sempre da realidade e não da doutrina”.