O prefeito do Dicastério para a Cultura e a Educação da Santa Sé, o cardeal português José Tolentino de Mendonça, saudou a poetisa brasileira Adélia Prado pelo Prêmio Camões 2024. “É uma das criadoras mais irreverentes e originais da literatura contemporânea”, disse o cardeal à Rádio Renascença, da Conferência Episcopal Portuguesa.

O Prêmio Camões é um prêmio literário instituído em 1988 pelos governos de Brasil e Portugal com objetivo de consagrar um autor de língua portuguesa que tenha, pelo conjunto de sua obra, contribuído para o enriquecimento do patrimônio literário cultural da língua portuguesa. O Ministério da Cultura português organiza a premiação pela parte portuguesa, e a Fundação Biblioteca Nacional, vinculada ao Ministério da Cultura, faz a organização pela parte brasileira.

Adélia Prado nasceu em 1935, em Divinópolis (MG), cidade onde vive até hoje. Católica, mãe de cinco filhos, foi professora por 24 anos antes de se dedicar à carreira de escritora. Formou-se em Filosofia, em 1973.

Em 1976, publicou o livro de poemas Bagagem. Carlos Drummond de Andrade, poeta mineiro a quem Adélia Prado enviou seu livro, ficou impressionado com sua escrita e enviou os poemas para uma editora.

Em 1978 escreveu O Coração Disparado, com o qual conquistou o Prémio Jabuti de Literatura, conferido pela Câmara Brasileira do Livro. Nos dois anos seguintes, dedicou-se à prosa, com Solte os Cachorros em 1979 e Cacos para um Vitral em 1980. Em 1981, voltou à poesia, com Terra de Santa Cruz. Três anos depois, em 1984, publicou Os componentes da banda e, em 1991, Poesia reunida.

Publicou ainda O homem da mãe seca, em 1994, e, em 1999, foram lançados Manuscritos de Felipa, Oráculos de maio, e Prosa reunida. Sua última publicação foi Miserere, de 2013.

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No final do ano passado, foi revelado que Adélia vai lançar um livro no segundo semestre deste ano, com título provisório Jardim das Oliveiras, uma obra que dialoga com a dor e a angústia que viveu nos 10 anos que passou sem escrever.

Adélia Prado também já recebeu outros prêmios como o Literário da Fundação Biblioteca Nacional, da Associação Paulista de Críticos de Arte, de Literatura do Governo de Minas Gerais. Na semana passada, a autora também recebeu a notícia que de que é a vencedora do Prêmio Machado de Assis 2024, da Academia Brasileira de Letras.

O cardeal Tolentino de Mendonça escreveu o prefácio da antologia de Adélia Prado, Tudo que existe louvará, publicada em Portugal.

Adélia Prado "estabelece uma ponte entre a religião e a poesia, que a modernidade tinha declarado impossível. Ela recorda que a experiência poética é sempre religiosa", disse o cardeal a Rádio Renascença.

Para Tolentino, a atribuição do Prêmio Camões 2024 a Adélia Prado é “razão de festa para leitores de poesia”.