VATICANO, 20 de fev de 2006 às 14:13
Depois de destacar a contribuição de Marrocos à "consolidação do diálogo entre as civilizações, as culturas e as religiões", o Santo Padre lembrou que "no contexto internacional atual, a Igreja Católica está convencida de que, para favorecer a paz e a compreensão entre os povos é necessário e urgente que as religiões e seus símbolos sejam respeitados, e que os fiéis não sejam objeto de provocações que firam seus sentimentos religiosos".
"Entretanto –precisou imediatamente o Papa– a intolerância e a violência jamais podem justificar-se como resposta às ofensas, porque não são compatíveis com os princípios sagrados da religião. Por isso, somente podemos lamentar as ações dos que tiram proveito deliberadamente da ofensa causada aos sentimentos religiosos para fomentar atos violentos, já que seus fins são estranhos à religião".
Mais adiante, o Papa disse que tanto para os crentes como para todos os homens de boa vontade, o único caminho que leva a paz e a fraternidade é o do "respeito das convicções e das práticas religiosas de outros", para que "de forma recíproca em todas as sociedades, todos tenham o exercício assegurado da religião que escolheram livremente".
Ao receber as cartas créditos do diplomático marroquino, o Santo Padre reafirmou sua estima "pela tradição de acolhida e de compreensão que, há séculos, caracteriza as relações do Reino de Marrocos com a Igreja Católica".
Bento XVI recordou que Marrocos acaba de celebrar o cinqüenta aniversário de sua independência e elogiou suas tentativas por encaminhar-se para "um futuro moderno, democrático e próspero". Os lucros conseguidos nestes anos, prosseguiu, "deveriam permitir a todos os marroquinos viver com segurança e dignidade, de modo que possam participar ativamente na vida social e política do país".
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Migrantes: Mercadoria ou força trabalhista?
Ao referir-se aos problemas que enfrentam os países do Mediterrâneo, o Papa abordou o fenômeno migratório que "constitui um dado importante nas relações entre os Estados".
Sobre o particular, o Santo Padre assinalou que “cada vez são mais numerosos os emigrantes procedentes de regiões menos favorecidas e em busca de melhores condições de vida, chamam às portas da Europa". Por isso é necessário "que as instituições dos países de acolhida ou de trânsito não considerem a estas pessoas simplesmente como mercadoria ou força de trabalho, e respeitem seus direitos fundamentais e sua dignidade".
"A situação precária de tantos estrangeiros –sublinhou o Papa– deveria favorecer a solidariedade entre as nações concernidas, para contribuir ao desenvolvimento dos países de origem dos emigrantes. Em efeito, estes problemas não podem ser resolvidos por políticas unicamente nacionais. Só uma colaboração sempre mais intensa entre todos os países envolvidos favorecerá a busca de soluções a estas situações dolorosas".