O arcebispo Carlo María Viganò disse na sexta-feira (28) que não comparecerá à convocação da Santa Sé para enfrentar a acusação do crime de cisma, e reiterou a sua afirmação de que o papa Francisco não é o papa legítimo da Igreja.

Viaganò, que serviu como núncio apostólico nos EUA de 2011 a 2016, já havia contado que recebeu um e-mail do Dicastério para a Doutrina da Fé, informando-o de um processo contra ele. O prazo para Viganò comparecer ao Vaticano expirou na sexta-feira (28).

Ele ganhou as manchetes em 2018 com a alegação, seguida de várias cartas, de que importantes bispos tinham sido cúmplices no encobrimento de supostos abusos sexuais cometidos pelo ex-cardeal Theodore McCarrick. Ele também pediu ao papa Francisco que renunciasse.

Numa longa declaração publicada nas redes sociais na sexta-feira (28), Viganò acusou o papa Francisco de “heresia e cisma”. Ele também criticou o papa pela sua promoção das vacinas contra a covid-19 e pela assinatura do acordo de 2018 entre a Santa Sé e a China para a nomeação de bispos no país asiático.

Ele também disse que “não tem motivos para me considerar separado da comunhão com a Santa Igreja e com o papado, ao qual sempre servi com devoção filial e fidelidade”.

“Afirmo que os erros e heresias aos quais [Francisco] aderiu antes, durante e depois da sua eleição, juntamente com a intenção que teve na sua aparente aceitação do papado, tornam a sua elevação ao trono nula e sem efeito”, escreveu Viganò.

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Viganò, que estava escondido há anos, anunciou nas redes sociais em 20 de junho que havia sido convocado a Roma para responder às acusações formais do crime de cisma.

O cisma é um crime definido no Código de Direito Canônico como “a recusa da sujeição ao Sumo Pontífice ou da comunhão com os membros da Igreja que lhe estão sujeitos”. Heresia, de que Viganò acusa o papa, é “a negação pertinaz, depois de recebido o batismo, de alguma verdade que se deve crer com fé divina e católica, ou ainda a dúvida pertinaz acerca da mesma”.

As acusações contra Viganò, segundo documento que ele mesmo publicou, envolvem ter feito declarações públicas que supostamente negam os elementos fundamentais necessários para manter a comunhão com a Igreja. Isto inclui negar a legitimidade do papa Francisco como papa e a rejeição das decisões tomadas pelo Concílio Vaticano II.

O Concílio Vaticano II foi o evento eclesial mais importante do século XX. Promovido por são João XXIII, tinha como objetivo atualizar a forma como a Igreja deveria posicionar-se no mundo moderno. Começou em 1962 e foi dividido em quatro etapas, que terminou em 1965, quando são Paulo VI era papa.

Viganò havia dito anteriormente, em comunicado de 21 de junho, que “não tinha intenção de me submeter a um julgamento-espetáculo”, acrescentando que não havia enviado nenhum material em sua defesa ao dicastério, “cuja autoridade não reconheço, nem a de seu prefeito, nem a da pessoa que o nomeou”.