A casa onde irmã Lúcia de Jesus, uma das videntes de Nossa Senhora, viveu em Fátima, será reaberta ao público na sexta-feira (5), depois de oito meses de obras de restauro e de museologia. O local onde Lúcia nasceu em 1907 e viveu até os 14 anos pretende agora apresentar essa época da vida dela.

“Olhamos para esta casa na expectativa daquilo que os peregrinos também aqui querem encontrar: é, de fato, a Casa da Lúcia, mas não da Lúcia [religiosa] doroteia nem da Lúcia carmelita, mas sim da Lúcia da infância”, disse o diretor do Departamento de Estudos e do Museu do Santuário de Fátima, Marco Daniel Duarte, segundo Agência Ecclesia, da Conferência Episcopal Portuguesa.

“Sendo uma casa-museu, aquilo que o museólogo tem de fazer é percepcionar o espaço, aprofundar aquilo que este espaço significa, entender o espaço na sua diacronia de utilização, no tempo que teve de sucessivas utilizações, e fazer aquilo que eu defendo que deve ser feito nestas casas-museu, o que eu chamo de museologia do silêncio”, disse Marco Daniel Duarte.

Segundo ele, as obras tiveram como base um “aprofundamento muito forte das fontes de informação” sobre a casa. “Essas fontes de informação são, sobretudo, as memórias da própria irmã Lúcia, e também algumas cartas em que ela descreve, cômodo a cômodo, divisão a divisão, o que é que existia em cada um dos espaços”, contou.

Casa-museu da irmã Lúcia. Agência ECCLESIA/OC
Casa-museu da irmã Lúcia. Agência ECCLESIA/OC

A casa corresponde a uma residência de uma família rural do final do século XIX e início do século XX. Tem três quartos, cozinha, uma sala com um tear, arrecadação e, em anexo, a casa do forno. O local fica em Aljustrel, a cerca de 2 km da Cova da Iria. Anualmente, recebe aproximadamente 300 mil visitantes.

A obra de restauro e museologia custou mais de 338 mil euros. Segundo Duarte, as intervenções procuraram destacar a “figura de Lúcia de Jesus, que não era muito clara”. “Os visitantes vão confrontar-se com uma criança, ali representada através da fotografia mais célebre de Lúcia de Jesus, tirada em 1917”, contou.

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Haverá também projeções multimídias para “trazer também a sua memória, a sua voz, uma voz porventura silenciosa que os peregrinos são convidados a redescobrir quando entrarem neste novo espaço”.

Curso de verão no santuário de Fátima

A reabertura da casa-museu da irmã Lúcia acontece na semana em que o santuário de Fátima faz a nona edição de seus cursos de verão. Esses cursos são promovidos anualmente pelo Departamento de Estudos do Santuário de Fátima e são destinados primordialmente a quem quer estudar o fenômeno de Fátima. Neste ano, o tema é “Lúcia de Jesus: de criança anónima a figura maior do catolicismo contemporâneo”.

O curso será de quarta-feira (3) a sexta-feira (5), no Centro Pastoral Paulo VI. Segundo o santuário de Fátima, a expectativa é de “mais de centena e meia” de participantes de diferentes áreas, como arquivística, conservação e restauro, direito, educação, marketing, turismo e outros.

O curso vai propor “uma análise à vida de Lúcia a partir de diferentes escalas, desde a pequena aldeia em que nasceu até ao reconhecimento internacional”. Além de aprofundar a biografia de irmã Lúcia, o contexto histórico em que viveu, com “especial atenção as instituições religiosas a que pertenceu”, o curso também lançará “um olhar atento à imensa escrita que produziu”.

Na quinta-feira, os participantes também terão a oportunidade de visitar a casa-museu de irmã Lúcia, que será reaberta ao público na sexta-feira.