4 de jul de 2024 às 12:39
Um grupo de figuras públicas britânicas está pedindo à Santa Sé que preserve a missa tradicional em latim, que descrevem como “magnífico” artefato cultural da Igreja.
Em 2021, o papa Francisco impôs sérias restrições à celebração da missa segundo o missal romano de 1962 através do motu proprio Traditionis custodes.
Nos últimos meses circularam notícias de que a Santa Sé prepara um documento para proibir a missa tradicional. Nenhuma nova diretriz sobre a missa tradicional em latim foi promulgada.
Em carta enviada ao jornal britânico The Times na terça-feira (2), um amplo leque de personalidades da cultura inglesa implorou abertamente à Santa Sé que se abstivesse de restringir ainda mais o rito.
"Recentemente, houve relatos preocupantes de Roma de que a missa em latim deve ser banida de quase todas as igrejas católicas", diz a carta. "Esse é um projeto que causa dor e confusão, especialmente para o crescente número de jovens católicos cuja fé foi alimentada por ela".
Os signatários, que incluem a atriz e defensora dos direitos humanos Bianca Jagger, o autor Tom Holland, o músico Julian Lloyd Webber e o executivo de mídia Sir Nicholas Coleridge, descreveram a missa tradicional em latim como uma "catedral" de "texto e gesto" desenvolvida ao longo de muitos séculos.
"Nem todo mundo aprecia seu valor e isso está bem", disseram os signatários, "mas destruí-la parece um ato desnecessário e insensível em um mundo onde a história pode facilmente desaparecer esquecida".
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"A capacidade do rito antigo de encorajar o silêncio e a contemplação é um tesouro não facilmente reproduzível e, quando desaparecido, impossível de reconstruir", afirmaram.
Os signatários lembraram na carta uma petição de 1971 de um grupo semelhante de britânicos proeminentes que também pediram à Santa Sé que preservasse a missa tradicional em latim na Inglaterra.
Essa petição levou ao "indulto de Agatha Christie" que permitiu que a forma extraordinária do rito romano continuasse a ser celebrada no país. O indulto recebeu o nome da autora de histórias de detetive que estava entre os signatários.
Na carta desta semana, as celebridades britânicas disseram que sua petição, assim como o pedido de 1971, era "inteiramente ecumênica e apolítica".
"Os signatários incluem católicos e não católicos, crentes e não crentes. Imploramos à Santa Sé que reconsidere qualquer restrição adicional de acesso a este magnífico patrimônio espiritual e cultural", escreveram.
Ao publicar as diretrizes em 2021, o papa disse estar entristecido pela celebração da missa tradicional em latim caracterizada por uma rejeição do concílio Vaticano II e suas reformas.
Duvidar do concílio é "duvidar do próprio Espírito Santo que guia a Igreja", disse o papa Francisco na época.