5 de jul de 2024 às 15:59
Ehsan Shan, cristão paquistanês, foi condenado à morte pelo tribunal antiterrorismo de Sahiwal, Paquistão, por divulgar blasfêmia contra o Alcorão, o livro sagrado dos muçulmanos, em suas redes sociais. A acusação foi o estopim para perseguição contra cristãos em Jaranwala em agosto do ano passado.
Segundo a sentença, emitida na última segunda-feira (1), Shan deve cumprir primeiro uma sentença de 22 anos de prisão e pagar uma multa equivalente a cerca de R$ 650 mil.
"Essa decisão é muito, muito dolorosa para nós. Muita gente está decepcionada”, disse o bispo de Hyderabad, dom Samson Shukardin, presidente da Conferência Episcopal do Paquistão à fundação pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre (ACN). “Grandes ONGs internacionais e organizações de direitos humanos devem se manifestar contra essa decisão. Isso terá um grande impacto no governo".
O bispo se disse consternado com a situação da minoria cristã no país, que eles sofrem cada vez mais e têm medo de levantar a voz. Dom Shukardin também comentou que quando um cristão é acusado de blasfêmia, os muçulmanos atacam famílias e comunidades cristãs.
Ao contrário da rapidez com que o tribunal agiu no caso de Shan, ainda não há condenações contra os envolvidos na violência contra os cristãos em Sargodha e Jaranwala.
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"Um de nossos cristãos foi injustamente condenado à morte e, no entanto, nada aconteceu com os outros acusados de crimes contra igrejas e lares cristãos. Em vez disso, essas pessoas estão sendo libertadas pouco a pouco", disse dom Shukardin.
Segundo Fides, agência de notícias das Pontif[icias Obras Missionárias, membros da comunidade cristã afirmam que o jovem condenado é usado como bode expiatório. Segundo a Center for Legal Aid, Assistance and Settlement (Centro para Ajuda Legal, Assistência e Acordo), ONG de defesa jurídica da liberdade religiosa, a sentença contra Shan é "uma grave injustiça".
"A condenação contra Ehsan Shan simboliza a morte virtual de todos os cristãos no Paquistão hoje”, disse a ONG. “Pela violência e destruição que ocorreram em Jaranwala, apenas um culpado foi apontado, que é um cristão".
Dezenas de pessoas protestaram contra a decisão do tribunal em Karachi na última terça-feira (2). Segundo o jornal indiano Indian Express, o advogado de Shan, Khurram Shahzad, disse que vai recorrer do veredito.