O cardeal Gerhard Ludwig Müller, prefeito emérito do dicastério para a Doutrina da Fé, criticou uma escultura exibida na catedral de Linz, na Áustria, que representa Nossa Senhora dando à luz, como "propaganda da ideologia feminista que viola o senso natural de modéstia".

Uma pessoa não identificada decapitou a escultura alguns dias depois de ela ter sido posta em exposição. A escultura é intitulada Coroação, o que pode ser uma alusão à coroação de Nossa Senhora. O termo, porém, também se refere ao momento do parto em que a cabeça do bebê é vista pela primeira vez.

A escultura na catedral de Linz mostra explicitamente esse momento: Nossa Senhora com as pernas abertas e o topo da cabeça do Menino Jesus entre elas.

“A escultura permanecerá no salão de arte Mariendom até o fim planejado da exposição [16 de julho], mas não ficará visível. As portas estão fechadas, as luzes estão apagadas”, disse a diocese de Linz ao portal de notícias católico kath. net .

“Uma crítica à mudança da arte cristã de um meio de piedade para uma propaganda da ideologia feminista em violação ao senso natural de modéstia não pode ser respondida com uma acusação pseudo-esclarecida de pudicícia ou, pseudoteologicamente, como uma expressão de uma atitude ultraconservadora”, disse Müller ao kath.net .

“Se uma representação pictórica do nascimento de Jesus ofende os fiéis e causa uma divisão na Igreja [entre os autoproclamados progressistas e aqueles que são menosprezados como conservadores], o objetivo da arte cristã e especialmente da arte sacra, que é expressar a beleza infinita de Deus nas obras humanas, foi perdido”, disse o cardeal.

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“Uma representação pictórica do mistério da revelação do verdadeiro nascimento de Deus como ser humano deve ter o objetivo de fortalecer os espectadores em sua crença na encarnação de Deus e de se concentrar em Cristo e adorá-lo como Deus e Salvador”, destacou Müller.

Esther Strauß, que fez a escultura, disse depois do ataque à obra: “A maioria das imagens da Virgem Maria foi feita por homens e, portanto, muitas vezes serviu a interesses patriarcais. A teóloga Martina Resch disse bem: Ao 'coroar', Maria recupera seu corpo. Quem removeu a cabeça da escultura agiu de forma muito brutal. Para mim, essa violência é uma expressão do fato de que ainda há pessoas que questionam o direito das mulheres aos seus próprios corpos. Devemos nos opor a isso de forma muito decisiva”.

Strauß participou de um evento chamado “Conversa de Bruxa” em 2021. Na época, a descrição dizia: “Esther Strauß é representada com três de suas obras na exposição HEXEN. O que as fotografias e esculturas performáticas têm em comum é que elas abandonam o batido caminho dos rituais de lembrança, luto e comemoração praticados no chamado Ocidente. Em vez disso, conexões arriscadas são feitas com os mortos. Essas relações delicadas que elas constroem levam o círculo de ancestrais e família muito além da compreensão cotidiana ocidental e levam a uma comunidade com uma visão maior de solidariedade”.

Strauß se descreve em seu site como uma “artista performática e de linguagem”.

“Em 2016, cavei o túmulo do meu avô com minhas mãos e dormi em seu solo por uma noite”, escreve Strauß no site.