11 de jul de 2024 às 15:44
O arcebispo de Cracóvia, Polônia, dom Marek Jędraszewski, decretou a abertura da causa de beatificação de Helena Kmieć, missionária leiga polonesa de 25 anos morta na Bolívia em 2017. Ela pode tornar-se a próxima millennial, depois do beato Carlo Acutis, a ser elevada aos altares.
A serva de Deus Helena Agnieszka Kmieć nasceu em 9 de fevereiro de 1991 e foi criada em Libiąż, Polônia, pequena cidade a oeste de Cracóvia. Sua mãe morreu seis semanas depois de Helena nascer. O pai dela, Jan, casou-se novamente com Barbara Zając.
Helena disse que teve três mães: sua mãe; sua madrasta Barbara; e Maria, a Mãe Santíssima. A família Kmieć é muito devota. O bispo auxiliar emérito de Cracóvia, dom Jan Zając, é tio-avô de Helena.
No relatório sobre a vida de Helena, o padre Pawel Wróbel, postulador da causa de beatificação, destaca sua “profunda convicção de que, como crente, ela tinha o dever de compartilhar com outras pessoas a experiência do encontro com Deus”.
“Quase todos os dias durante seus estudos, ela participava da Santa Missa, que era um momento extremamente importante do dia para ela”, acrescenta Wróbel.
O padre Wróbel disse em entrevista ao principal semanário católico da Polônia, Gość Niedzielny, querer se concentrar “não em sua morte trágica, mas em sua bela vida” durante a causa dela.
“Havia muito de Deus em todos os lugares na casa da família Kmieć”, disse o padre Paweł Król, que, por dez anos, trabalhou na paróquia de Helena em Libiąż, ao jornal National Catholic Register, parte do grupo EWTN a que pertence ACI Digital. O padre disse que isso era tangível, refletindo-se na decoração da casa: as paredes da casa eram cobertas de ícones.
“Para Helena, era natural que se devesse ter um relacionamento com Deus na vida cotidiana e que isso não deveria ser forçado, mas algo que vivenciamos com entusiasmo e alegria”.
Helena era boa aluna: pulou uma série e ganhou uma bolsa para cursar uma escola secundária na Inglaterra. Ela tinha inclinação musical e frequentou uma escola de música. Frequentemente Helena cantava e tocava violão no coral de sua paróquia e durante peregrinações a pé de Libiąż a Jasna Góra, o mais importante santuário nacional da Polônia.
Sua irmã Teresa Kmieć disse ao Register que Helena tinha um apego emocional muito forte à Polônia. Como não foi aceita na faculdade de medicina de Oxford, Helena voltou para seu país para estudar engenharia química na Universidade de Tecnologia da Silésia em Gliwice. Depois de se formar, Helena se tornou comissária de bordo.
Helena se interessou pelo voluntariado. Sua paróquia natal em Libiąż estava em apuros quando a Jornada Mundial da Juventude foi realizada em Cracóvia em 2016, porque o coordenador do comitê paroquial não conseguiu tirar férias do trabalho naquele período. O padre Król pediu a Helena para assumir a função. Helena conseguiu transferir suas férias e concordou em liderar o grupo. Segundo o padre Król, se Helena for canonizada, ela pode ser uma santa padroeira dos voluntários.
Helena juntou-se aos Voluntários Missionários Salvatorianos, grupo de cerca de 100 leigos de toda a Polônia que passam um ano de formação espiritual antes de ir para missões no exterior. Primeiro, Helena ajudou a organizar acampamentos diurnos para crianças na Hungria e Romênia e foi para Lusaka, Zâmbia, onde ensinou inglês, matemática e o Evangelho para crianças de rua e crianças de famílias pobres.
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De volta à Polônia, os planos de Helena eram continuar sua carreira como comissária de bordo, casar-se e formar uma família. Durante um retiro, Helena escreveu seus objetivos de vida em um pedaço de papel encontrado depois da sua morte: aprender espanhol, formar um ministério católico para comissários de bordo e se tornar uma santa.
O objetivo de Helena de aprender espanhol estava relacionado à sua missão em Cochabamba, Bolívia, para onde ela viajou para ajudar a preparar uma pré-escola administrada por freiras. Antes que o orfanato fosse aberto, um homem invadiu o quarto dela e a matou.
Embora seu assassino tenha sido identificado, condenado e agora esteja preso, os motivos de seu crime não são claros. Ele parece não ter sido motivado pelo ódio à fé, e então a causa de beatificação de Helena estará relacionada à virtude heróica dela e não ao martírio.
Ela escreveu em sua inscrição para ir em missão que recebeu a graça de Deus, que ela define como cinco vezes “D”: “Um Dom Gratuitamente Dado por Deus para Dar” (cinco vezes “D” em polonês: Dar Darmo Dany Do Dawania ), disse o padre Wróbel em entrevista à Rádio Vaticano.
Helena nasceu no mesmo ano que o beato Carlo Acutis. Respondendo se vê semelhanças entre os dois, Teresa Kmieć disse que a Eucaristia estava no centro da vida de ambos os jovens; o beato Carlo chamou o Santíssimo Sacramento de sua “estrada para o céu”. Teresa duvida que sua irmã tenha estado alguma vez fora do estado de graça santificante e diz que nunca a viu não receber a comunhão durante a missa e sabe que ela se confessava regularmente.
Ao visitar a família de Helena logo depois de saber de sua morte, o padre Król disse Barbara ficou alegre por Helena ter recebido a Sagrada Comunhão na noite anterior à sua morte e, portanto, ter morrido em estado de graça.
Assim como o beato Carlo era um autoproclamado “geek de computador” que criava sites sobre milagres eucarísticos, Helena Kmieć tinha um blog de fotos e um perfil no Facebook , disse o padre Król ao indicar outra semelhança entre Carlo Acutis e Helena Kmieć. Seu perfil na rede social a retrata como uma jovem adulta moderna comum que, embora muito piedosa, era muito parecida com seus semelhantes. “Dizem que a melhor maquiagem que uma mulher pode usar é um sorriso. Mas batom não faz mal. ;).”, diz comentário escrito por Helena em uma de suas fotos de perfil.
A última publicação de Helena no Facebook, feita 15 dias antes de sua morte, contém um álbum de fotos divertidamente intitulado “Bolívia: Missão Possível” e apresenta fotos de Helena e um colega voluntário sorrindo ao chegarem a um aeroporto no país sul-americano.
Depois da abertura de sua causa de beatificação, seu postulador disse que é um “sinal dos tempos” que a Igreja estude a correspondência por e-mail e as publicações e comentários de Helena nas redes sociais.