12 de jul de 2024 às 11:46
O bispo de Apatzingán, México, dom Cristóbal Ascencio García, considera que a chegada do comunismo ao México é “iminente” com a vitória da candidata à presidência Claudia Sheinbaum e de seu partido de esquerda Movimento de Regeneração Nacional (MORENA) nas eleições em 2 de junho.
O bispo agradeceu aos que permanecem em oração pelo México e rezam “diante da iminente chegada do comunismo” em missa celebrada em 30 de junho, um mês depois das eleições.
“Está ficando cada vez mais claro” que o processo eleitoral que levou à vitória de Sheinbaum “foi uma eleição [orquestrada pelo] Estado, com tantas irregularidades quanto já se viu”, disse dom García.
Sheinbaum, candidata da coalizão política Vamos Continuar Fazendo História, composta pelo Movimento de Regeneração Nacional (MORENA), o Partido Trabalhista (PT) e o Partido Ecologista Verde do México (PVEM), venceu a eleição presidencial e tomará posse em 1º de outubro.
O MORENA e seus partidos aliados também governarão 23 dos 32 Estados do país e terão a maioria das cadeiras no Congresso da União, órgão legislativo federal bicameral do México.
“O que felicito são os cristãos, os católicos que continuam a rezar o terço e convidar as pessoas a rezar o terço diante da chegada do comunismo”, disse dom García ao pedir que a comunidade católica permaneça firme na fé diante do cenário eleitoral.
O comunismo é “uma ideologia ateísta que diminui as liberdades, especialmente a liberdade de consciência e a liberdade religiosa”, disse o bispo de Apatzingán, que fica em uma área duramente atingida pela violência do crime organizado.
O bispo pediu aos fiéis católicos que rezem “para que um México [vivendo] em liberdade e um México capaz de mostrar sua fé e amor não se percam”.
Durante o mandato de seis anos do presidente Andrés Manuel López Obrador — fundador do MORENA — o aborto foi descriminalizado até 12 semanas de gestação nos estados de Oaxaca, Hidalgo, Veracruz, Baja California, Colima, Guerrero, Baja California Sur, Quintana Roo e Aguascalientes; e descriminalizado até 13 semanas de gestação em Sinaloa com iniciativas promovidas principalmente por seu partido.
López Obrador instituiu o que chamou de “dia nacional de combate à homofobia, lesbofobia, transfobia e bifobia” no México em 17 de maio de 2019, cinco meses depois de assumir o cargo.
Olga Sánchez Cordero, então secretária do Interior do governo de López Obrador, incentivou o reconhecimento legal do “nome e gênero” de uma criança ou adolescente que se identifique com o sexo diferente do natural em maio de 2020.
O governo mexicano e seus departamentos celebraram o chamado mês do “orgulho” gay em junho durante seis anos em suas redes sociais.
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'Irregularidades' nas eleições
Dom García disse que houve “irregularidades, votos vendidos, comprados” em áreas de baixa renda do país.
“Aqui em Apatzingán percebi que [compraram] cada voto por mil ou 1,5 mil [cerca de R$ 307,85 a R$ 461,77], mas em uma reunião que tive em Morelia [capital do estado de Michoacán], bispos de todo o México disseram que em algumas partes do sudeste do país [compraram] um voto por 5 mil pesos [R$ 1539,24]”, disse.
Para dom García, as eleições deveriam ter sido anuladas devido a “tantas irregularidades nunca antes vistas”.
O bispo denunciou a coerção exercida pelo crime organizado para obter votos a favor de certos partidos políticos. “Só precisamos abrir os olhos”, disse dom García ao convocar a comunidade a estar ciente dos problemas que afetam a integridade do processo democrático.
Segundo números oficiais do Instituto Nacional Eleitoral, 5.089 incidentes de irregularidades foram relatados em todo o país durante o dia da eleição em 2 de junho, a maioria deles menores, como casos de pessoas que tentaram votar sem um cartão de eleitor. No entanto, 29 seções eleitorais tiveram que ser fechadas devido a roubos, violência armada e cédulas queimadas, entre outros fatores.
'Você tem fé? Então o Senhor precisa de você'
Ao reconhecer a violência que existe no país, mas especialmente na diocese de Apatzingán, dom García destacou que a Igreja não deve ser apenas um lugar de luto. “Jesus não veio fundar uma funerária para receber os mortos, mas para cuidar deles; é uma obra de misericórdia”, disse o bispo.
“A nossa fé não é, nem deveria ser, uma vestimenta que é utilizada quando morremos, quando vestimos preto [como sinal de] luto”, disse o bispo ao encorajar os católicos a “terem fé para que as nossas esperanças estejam repletas da misericórdia de Deus”.
O bispo também pediu à comunidade que persevere em causas nobres como paz, segurança e liberdade no México.
“Da nossa fé, lutemos com toda a nossa alma para que o mundo ao nosso redor deixe de ser um fluxo de injustiça, um fluxo constante de sangue e desencanto. Você tem fé? Então o Senhor precisa de você”, disse dom García.